Na avaliação da oposição que atua no Congresso Nacional, engana-se quem pensa que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) age somente pela lealdade ao petismo e a presidente Dilma e Lula quando tenta, de todas as formas, obstruir a instalação da CPI da Petrobras no Congresso Nacional. Gleisi se movimenta para salvar a própria pele e de seu marido Paulo Bernardo (Comunicações) dos respingos de óleo quente que devem atingir diretamente sua campanha eleitoral no Paraná – vide o que acontece agora com André Vargas e o doleiro Alberto Youssef.
A Petrobras tem problemas e muitos no Paraná. O primeiro é a denúncia de superfaturamento nas obras da Repar em Araucária, com o consórcio de empreiteiras CCPR (Camargo Correa e Promon). Em 2011, o secretário de Fiscalização do TCU, Eduardo Nery Machado Filho, indicou superfaturamento e colocou em suspeição sete contratos das obras da Repar com indícios de sobrepreço que chegam a R$ 1,4 bilhão. O assunto deve voltar a baila na CPI da Petrobras e os petistas parananenses devem virar alvo das investigações.
Outro calo que doe em Gleisi é a compra pela Petrobras da metade da usina de biodiesel de Marialva, norte do Paraná. Com as devidas proporções o caso é similar ao de Pasadena (EUA). A BSBios comprou a usina em maio de 2009 por R$ 37 milhões e seis meses depois, a Petrobras pagou R$ 55 milhões pela metade do negócio. Em julho de 2011, a estatal pagou R$ 200 milhões para ficar com a metade de outra em Passo Fundo (RS).
Empresas de grãos e fabricantes de equipamentos sustentam que com R$ 190 milhões é possível construir duas usinas semelhantes. A Petrobras, no entanto, gastou R$ 255 milhões para ficar com metade das duas usinas. O TCU já abriu investigação sobre essas operações da estatal brasileira a pedido da Câmara dos Deputados.
A contratação da empresa paranaense Heads como gestora de publicidade da Petrobras, dirigida pelo amigo do casal do PT do Paraná, Claudio Loureiro é outro ingrediente que estará sendo movimentado na CPI da Petrobras.
O quarto problema para Gleisi está na compra do gás boliviano. A Usina Termelétrica de Araucária foi obrigada a contratar por US$ 23 dólares por milhão de BTUs (unidade térmica britânica, referência para medir o volume de gás) para alimentar as turbinas enquanto o preço normal do mercado oscila entre US$ 4 a US$ 7 dólares (quando importada via marítima).
Tem mais, a Bolívia já vende caro o gás natural ao Brasil – US$ 11 dólares por milhão de BTUs (no governo FHC, o país pagava US$ 1 dólar o metro cúbico) – e ganha US$ 400 milhões por ano pelo chamado “gás com componentes ricos” ou “gás líquido” sem qualquer clausula contratual que obrigue ao comprador (Brasil) fazer a compensação pela não separação já nos poços bolivianos.
Ou seja, mais um presentinho do PT para o companheiro Evo Morales. Os preços, sobrepreços e os bônus a Bolívia devem pautar a CPI da Petrobras, já que em 2019 o contrato expira e Evo Morales enfrentará uma segunda reeleição difícil também em outubro deste ano, portanto já está trabalhando para antecipar a vigência do novo contrato.
Deixe um comentário