Ademar Traiano
Bastou que o Datafolha divulgasse uma pesquisa registrando mais uma queda das intenções de voto da presidente Dilma Rousseff (de 37% para 34%) para que a cotação das bolsas disparasse. O Ibovespa registrou alta de 3,04%, a maior alta desde março. Não só os brasileiros (78%) querem mudança, o mercado de valores também. Todos estão fartos da incompetência, corrupção e surtos autoritários do petismo. O PT está na contramão do Brasil.
Os números do Datafolha, e também os do Ibope, que mostram queda de Dilma (40% para 38%) e ascensão de Aécio (20% para 22%) são um alerta de derrota e Eduardo Campos são sintomáticos. A queda de Dilma ocorreu após o PT ter feito uma campanha de saturação para vitaminar Dilma. Apesar de tudo, no Ibope, a soma dos adversários da presidente atingiram 42%. A hipótese de vitória no primeiro turno virou o sonho de uma noite de verão. O espectro da derrota ronda.
A presidente apareceu como nunca, deixou-se entrevistar como jamais fez e os resultados foram mais uma queda. Em uma simulação para o segundo turno (46% a 38%), irrisórios 8% separam Dilma de Aécio Neves. Na capacidade de promover as mudanças desejadas pela maioria dos brasileiros, o candidato do PSDB aparece com 21%, à frente de Dilma (16%) e a apenas 9% atrás de Lula (35%).
O fracasso da hiper-exposição de Dilma levou a colunista Dora Kramer a fazer uma especulação instigante: o maior adversário da presidente pode ser ela mesma. Quanto mais aparece mais despenca nas pesquisas e maior é a rejeição que produz.
“O último mês de intensa exposição da presidente Dilma Rousseff, combinada com sua queda na pesquisa Datafolha, notadamente no índice de apoio no segundo turno – em que ficou à oito pontos porcentuais do tucano Aécio Neves –, leva a uma conclusão lógica: quanto mais aparece, pior para ela. De onde pode ser que não seja uma grande vantagem o fato de sua candidatura ter o maior tempo de televisão no horário eleitoral. Ou então teremos uma situação em que o protagonista não será Dilma”, diz a jornalista.
De fato, o único indicador que cresce para Dilma é a rejeição. Chegou a 35%, contra os 30% registrados em fevereiro. A avaliação positiva, que já foi de 65%, caiu para 33%. O cientista político Carlos Alberto Almeida, que se tornou um paradigma para as campanhas políticas. Ele diz que governantes com percentuais abaixo de 35% não se reelegem. O quadro político de Dilma é crítico.
Dilma tem apenas 15% de vantagem (34% a 19%) contra um adversário (Aécio) muito pouco conhecido fora de Minas Gerais, estado que governou duas vezes e do qual saiu popularíssimo. Se os índices de conhecimento fossem semelhantes, o que deve acontecer ao longo da campanha eletrônica, não seria de surpreender que Dilma venha a ser superada.
A rejeição, outro indicador importante, porque aponta o potencial de crescimento e o teto dos candidatos, apurado pelo Ibope, também acende um sinal de alerta para o PT. Dilma tem 38% de eleitores que não votariam nela ainda que abandonasse a arrogância e a prepotência que são suas marcas registradas, Aécio tem 18% e Eduardo Campos, 13%. Os candidatos de oposição têm uma larga avenida para crescer, a petista vê suas chances se estreitarem.
A intenção de voto em Dilma decresce em razão direta do nível de instrução e de renda. Uma indicação que o eleitorado que ainda subsiste com o PT é marcado pela baixa escolaridade e dependência das bolsas do governo. O voto em Dilma decresce do menor nível de instrução ao nível superior: 48%, 42%, 37%, 23%. O voto em Dilma decresce do menor nível de renda ao maior: 51%, 48%. 33%, 23%.
Em meio a essa maré de más notícias, Dilma encontrou tempo para assinar um decreto de corte bolivariano instituindo uma instância “soviética” de poder no Brasil. O decreto por absurdo – pretende substituir o Parlamento eleito pelo povo por ‘organizações populares’ controladas pelos petistas – dever ser fulminado, ou por recuo do governo ou por ação do Congresso, mas o fato de ter bancado essa intentona autoritária diz tudo sobre o que é o PT e seu caráter nefasto. É também uma explicação para o repúdio que a presidente e seu partido provocam em escala cada vez mais crescente entre os brasileiros.
Ademar Traiano é deputado estadual pelo PSDB do Paraná e líder do governo na Assembleia Legislativa.
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