por André Gonçalves
Gazeta do Povo
O prefeito Luciano Ducci (PSB) recebeu um presente de Natal maior que o dos dois principais concorrentes à eleição municipal de 2012, Gustavo Fruet (PDT) e Ratinho Júnior (PSC). Trata-se da aprovação de 67% dos curitibanos à sua gestão, segundo estudo do Instituto Paraná Pesquisas divulgado pela Gazeta do Povo nesta semana. Em uma disputa tão acirrada, em que os três aparecem empatados tecnicamente nas intenções de voto, a manutenção desse índice (ou não) será decisiva.
Se mantiver o patamar até a campanha, Ducci dificilmente não se reelegerá. A análise é amparada por uma tese do sociólogo Alberto Carlos Almeida no livro A Cabeça do Eleitor, um dos mais completos levantamentos sobre os fatores de decisão de voto dos brasileiros. A obra faz o cruzamento entre aprovação do governo nos meses anteriores ao pleito e o resultado final
A conclusão é a seguinte: prefeitos com porcentagens de aprovação acima de 50% são favoritos para se reeleger ou fazer o sucessor. Abaixo disso, os candidatos da oposição têm mais chances de vitória. Avaliações muito próximas a 50% tornam a disputa indefinida.
Os dados têm como base 19 eleições municipais em 2000 e 20 em 2004, dentro de diferentes cenários do país. Na primeira, dos 12 candidatos de situação cujo governo tinha aprovação superior a 50%, só um perdeu (seu índice era de 51%). Na segunda, dos 11 candidatos governistas com aprovação maior que 50%, apenas dois perderam.
Almeida também cita números das duas eleições para presidente de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Lula (PT). Os dados mostram que um dos ingredientes fundamentais para a vitória do petista sobre José Serra (PSDB) em 2002 foi a baixíssima avaliação do governo FHC na época – apenas 25% dos brasileiros consideravam a gestão boa ou ótima.
Claro que a fórmula não é infalível – houve inclusive três exceções (7,7%) entre as 39 cidades pesquisadas. Além disso, o próprio Almeida cita outros dois fatores que completam uma espécie de tripé de sustentação das ideias do eleitor – a identidade do candidato dentro de um campo político e a sua lembrança (chamada de recall pelos marqueteiros políticos).
Voltando a Curitiba, tanto Ducci quanto Fruet sofrem em relação à identidade. Ducci está no grupo do governador Beto Richa (PSDB) e ao mesmo tempo seu partido é da base da presidente Dilma Rousseff (PT). Já Fruet acabou de trocar o PSDB pelo PDT e deve ser apoiado pelos petistas. Por outro lado, Fruet e Ratinho Jr. têm mais recall que o prefeito pelo desempenho nas eleições de 2010.
Mesmo somando todos esses fatores ainda é cedo para dar uma de mago e ter a pretensão de fazer previsões certeiras. Tudo pode acontecer: inclusive uma queda na aprovação de Ducci. Também vale lembrar que o paranaense é, no geral, ambíguo em suas avaliações: o mesmo Paraná Pesquisas acaba de mostrar que Beto Richa tem 74% de aprovação no estado, mas quase ninguém desse universo soube apontar um grande feito de seu governo.
O fato é que, estatisticamente, Ducci deixou de ser o patinho feio da eleição municipal. E que, em Curitiba, continuidade parece continuar sendo a palavra-chave. Se a reeleição se confirmar a cidade completaria 28 anos seguidos sob gestões do mesmo grupo em 2016.
Se isso é bom, aí é outra história.
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