O secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, voltou a defender a tese favorita (e derrotada no Supremo) do alto comando petista: a de que o Mensalão foi “apenas a prática de Caixa Dois, e não desvio de dinheiro público, como restou provado no julgamento”. O ministro se engana: o STF apurou o desvio de R$ 170 milhões, em valor não atualizado, e o suborno de parlamentares para que votassem com o Governo. Mas este é só um equívoco; o importante é que Gilberto Carvalho, alto dirigente do partido, influente integrante do Governo, acha que Caixa Dois é crime menor, ou nem crime é.
Nos Estados Unidos, o ex-deputado democrata Jesse Louis Jackson Jr., filho de um herói da luta pelos Direitos Civis, o pastor Jesse Jackson, foi condenado em agosto último a 30 meses de prisão, em regime fechado (já está preso), por ter abastecido o Caixa Dois de sua campanha com US$ 750 mil – pouco menos de dois milhões de reais. Seus bens estão sendo leiloados para que o dinheiro irregular seja devolvido aos cofres públicos.
O deputado israelense Omri Sharon, filho de um herói nacional, o general e ex-primeiro-ministro Ariel Sharon, comandou o Caixa Dois de uma campanha de seu pai. Foi julgado e condenado a nove meses de prisão, com perda de mandato e multa equivalente a US$ 64 mil – cerca de R$ 150 mil. O pai, inconsciente desde que sofreu um derrame cerebral, não pôde ser julgado.
Convenhamos: que falta faz o ministro Gilberto Carvalho em outros países!