A futura e provável inelegibilidade do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva – a depender da decisão colegiada do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (conforme prevê o artigo 1º, inciso I, alínea “e”, item 6, da LC nº 64/1990 modificado pela LC nº 135/2010) no qual a sua defesa apresentará apelação – traz atualmente, instabilidade ao PT – Partido dos Trabalhadores, além da iminência de o deixar no “limbo eleitoral” e portanto, político.
Os argumentos são fortes nessa direção:
– a despeito do envolvimento de membros de vários partidos políticos em atos ilícitos, decorrentes da investigação da Operação Lava Jato, não há dúvidas sobre o protagonismo do PT nesse contexto;
– com as denúncias dos supostos crimes cometidos por Lula, a sua imagem já vem se desgastando paulatinamente nos últimos meses;
– o índice de rejeição a sua pessoa tem crescido significativamente, inclusive em algumas alas do próprio PT;
– a primeira condenação correspondente aos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro serão, apenas, o gatilho para a sua derrocada enquanto líder político;
– por fim, a sua interdição ao cargo ou função pública de qualquer natureza, especialmente, eletiva, deixará o PT sem perspectivas de curto prazo, para uma possível substituição à antiga e forte estatura política de Lula.
Trata-se portanto, de uma grave crise de liderança política para o PT que provocará de modo compulsório, a necessidade de uma profunda e imediata reflexão, no sentido de se propor mudanças radicais para que o partido possa retomar o seu protagonismo.
Para tal é mister que se arejem e renovem os seus princípios, ora relevados ao plano secundário, de real preocupação com a classe trabalhadora, o que significa sinalizar para uma nova atitude de “pensar no Brasil” e em função do Brasil, desprezando o ranço de corrupção que se disseminou nos atos da maioria de seus membros e que reforçou a superada e inviável finalidade de “pensar no Partido” e objetivar sob qualquer pretexto e a qualquer meio, a justificação dos fins.
Utilizar-se de meios ilícitos para chegar de qualquer jeito aos fins pretendidos provou-se completamente inútil e provocou um sério enfraquecimento de suas bases, a partir do momento em que se privilegiou o “fortalecimento do grande Partido” como um fim em si próprio, remetendo aos antigos moldes da busca pelo “Partido Único”, nacional e internacionalmente, como já se testemunhou na história do século passado e já se conhece o deprimente fim…
Na hipótese de que o ex-Presidente Lula venha a ser absolvido, a direção deverá ser a mesma. Renovar é a palavra-chave!
Vera Chemim é advogada constitucionalista
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