Por Isabel Braga, em O Globo:
Vera Paiva, uma das filhas do ex-deputado Rubens Paiva, defende que o país resgate sua história e puna os torturadores da ditadura militar de 1964.
Uma exposição sobre a vida do pai foi inaugurada na última quarta-feira na Câmara dos Deputados. Para Vera, a Comissão da Verdade tem que ir a fundo e resgatar a verdade desse período histórico brasileiro.
– Não é só um problema de vingança pessoal. Não era um caso de guerra contra um terrorista. Meu pai voltava da praia e foi preso em casa. Ele acreditava em um conjunto de valores como justiça, cidadania e por isso foi perseguido e morto. Hoje não só ele não está enterrado por sua família, como aquilo contra o que ele lutava – a falta de cidadania, de Justiça, a discriminação – também não foi enterrado. É o Estado terrorista que não protege o cidadão. O Brasil é o único país que não puniu seus torturadores. O passado não foi enterrado – afirmou Vera Paiva, que aguarda há 40 anos uma resposta do Estado sobre o paradeiro do corpo do pai.
Professora da Universidade de São Paulo e coordenadora do Núcleo de Aids da universidade, Vera critica o fato de o Brasil ter mandado o ministro da Defesa, Nelson Jobim, defender, na Corte Interamericana de Direitos Humanos, a postura de não rever a Lei da Anistia e evitar, assim, a punição aos torturadores. O Brasil foi condenado nesta Corte.
– Até hoje não cassam nazistas? A maioria dos militares tem vergonha (do que foi feito), mas os que fizeram têm que ser identificados e punidos. O Jobim é uma vergonha! Também, mandarem o ministro da Defesa para a Corte Interamericana defender isso?
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