André Vargas militava no Partido dos Trabalhadores desde 1983. Foi vereador em Londrina, deputado estadual e ,em 2006, eleito deputado federal, cargo para o qual foi reeleito em 2010 com pouco mais de cem mil votos. Antes exerceu a presidência do PT no Paraná. Chegou à vice-presidência da Câmara Federal.
Era um trator em favor do partido, linha de frente para peitar adversários e abrir espaço para os objetivos traçados na cúpula paranaense do partido. Foi assim que anunciou o apoio à candidatura de Gustavo Fruet (PDT) à prefeitura de Curitiba e entrou de cabeça na articulação da candidatura da ministra e senadora Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná – daí ser natural o fato de ser um dos coordenadores da campanha. Seu sonho era ser indicado como candidato ao Senado nas eleições deste ano.
Foi atropelado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e suas ligações com o doleiro Alberto Yousseff. Tentou resistir, mas, pressionado, queimou sua carteirinha de filiação depois de ver seus companheiros virarem as costas. Agora, como se estivessem batendo o último prego no seu caixão de vida pública, vê o PT pedir a cassação de seu mandato.
A cena dele erguendo o punho cerrado na frente do ministro Joaquim Barbosa, na mesa do plenário, da Câmara, repetindo os gestos dos então companheiros José Dirceu e José Genoíno quando estes foram presos como consequência da condenação no julgamento do mensalão, é agora mais emblemática.
O ex-ministro de Lula e o ex-deputado federal não foram execrados pela partido – ao contrário, são incensados e tratados como heróis da resistência. Ao contrário deles, Vargas, que massacrado pelo gesto, ainda não foi indiciado, não foi cassado e está longe de ser julgado. Sim, pode ter culpa no cartório – e as provas que a polícia levantou e apresentou indicam isso.
Mas, frisa-se, por enquanto ele foi julgado apenas pela imprensa, o que não significa bulhufas, além do início do fim de sua longa carreira política. A atitude do partido em querer enterrar de vez o ex-aliado e militante é, no mínimo, estranha, mesmo porque, se conseguirem colocá-lo num saco e jogá-lo ao mar, toda a trajetória do deputado está registrada do mesmo lado da trincheira de muitos dos que fingem não conhecê-lo.
Isso é história.
Isso é política!
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