Com Lula, saiu o modelo intuitivo, de grande sensibilidade política. Em seu lugar, adotou-se um modus operandi semelhante ao de gestão de grandes empresas, com regras, metas e cobranças
por Rudolfo Lago, no Congresso em Foco
Logo no início da primeira reunião da presidenta Dilma Rousseff com sua recém-nomeada equipe de ministros, em janeiro deste ano, cada um daqueles que se sentaram à mesa oval foram apresentados a uma relação de “normas de conduta” que, dali para a frente, deveriam seguir. A extensa lista incluía compromissos com a probidade administrativa e com a busca sempre das soluções mais eficientes e de menor custo para as questões e programas inerentes à sua pasta. E todos entenderam ainda que passariam, a partir daquele momento, a ser diariamente avaliados, e que o não cumprimento daquelas normas implicaria consequências, que podiam chegar mesmo à exoneração.
Assim, para os que participaram daquela primeira reunião ministerial, a sequência de demissões ocorrida durante este primeiro ano de governo Dilma por conta de denúncias de corrupção – foram afastados sete ministros em 12 meses, mais de um a cada dois meses; apenas um deles, Nelson Jobim, ex-ministro da Defesa, não caiu por denúncias de irregularidades em sua pasta – parece coerente com o recado dado pela presidenta. “Faxina não é programa de governo”, tem repetido ela, desde então. “Afastar quem não está, por algum motivo, rendendo o que se esperava é consequência do trabalho”.
Embora possa dar, à primeira vista, uma impressão de crise permanente, a grande rotatividade ministerial de Dilma ao final do seu primeiro ano de governo é vista por seus subordinados, conforme disseram ao Congresso em Foco, como consequência natural do seu estilo de gerente, que busca administrar o país seguindo um modus operandi semelhante ao de administradores de grandes empresas. Se há um problema que desvia a atenção do foco e das metas pretendidas, esse problema deve ser resolvido rapidamente. Do contrário, aí sim ele poderá contaminar todo o resto.
Para demonstrar que a sequência de escândalos que derrubaram ministros não paralisou o governo nem o tirou de suas metas iniciais, Dilma apresentará, na próxima sexta-feira (16), pessoalmente um balanço dos números finais do programa Brasil sem Miséria. Segundo o Congresso em Foco apurou, ela reserva números que mostrarão um aumento na inclusão de brasileiros na economia de mercado, uma diminuição do percentual dos que vivem abaixo da linha de pobreza, e novo incremento da classe média, a exemplo do que já se verificava durante o governo Lula. Os números mostrados pela própria presidenta, numa cerimônia programada para o Palácio do Planalto, se somarão a outros recentemente divulgados, como a entrega de 500 mil casas este ano pelo programa Minha Casa, Minha Vida.
“Que crise?”
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