Badalado internacionalmente como o “presidente mais pobre do mundo”, “o melhor presidente do mundo” e “o herói não reconhecido da América Latina”, José Mujica diz achar graça dos clichês.
Na entrevista à Folha, ele também abordou temas como Mercosul e a esquerda latino-americana.
Mercosul
Está travado. As classes dirigentes, como a burguesia paulista e argentina, não entendem que estamos na época da integração. O Mercosul não vai caminhar se, de boa fé, não houver entendimento entre Brasil e Argentina.
Esquerda
O dogmatismo é uma doença crônica da esquerda latino-americana. Acreditamos que somos possuidores de uma verdade absoluta. A esquerda tem a doença de sempre ser apaixonada pelos modelos em que acredita. Mas se penso que meu vizinho deve pensar como eu, estamos fritos.
Estilo de vida
Há senhores acostumados com o poder, que se consideram representantes naturais dele e se sentem agredidos quando veem alguém que não pertence a essa classe e não renuncia a sua forma de viver. Eles não toleram. Tenho um respeito de pertencimento que não abandono, e isso dói em alguns. Essa luta tem diversas características. O Lula sofreu com isso por ser torneiro mecânico, gente do povo.
Acho graça desses estereótipos. Pobre é quem precisa de muito. Tenho um tipo de riqueza que muitos não ambicionam. Desprezo a acumulação de dinheiro. Tenho 78 anos e estou por um passo [da morte], vou acumular dinheiro?
Está travado. As classes dirigentes, como a burguesia paulista e argentina, não entendem que estamos na época da integração. O Mercosul não vai caminhar se, de boa fé, não houver entendimento entre Brasil e Argentina.
Esquerda
O dogmatismo é uma doença crônica da esquerda latino-americana. Acreditamos que somos possuidores de uma verdade absoluta. A esquerda tem a doença de sempre ser apaixonada pelos modelos em que acredita. Mas se penso que meu vizinho deve pensar como eu, estamos fritos.
Estilo de vida
Há senhores acostumados com o poder, que se consideram representantes naturais dele e se sentem agredidos quando veem alguém que não pertence a essa classe e não renuncia a sua forma de viver. Eles não toleram. Tenho um respeito de pertencimento que não abandono, e isso dói em alguns. Essa luta tem diversas características. O Lula sofreu com isso por ser torneiro mecânico, gente do povo.
Acho graça desses estereótipos. Pobre é quem precisa de muito. Tenho um tipo de riqueza que muitos não ambicionam. Desprezo a acumulação de dinheiro. Tenho 78 anos e estou por um passo [da morte], vou acumular dinheiro?