Arquivos

Categorias

O Dia das Mães atrás das grades e longe dos filhos

do Umuarama Ilustrado

Rosilei Villar, 25 anos, natural de Foz do Iguaçu, está presa no cadeião de Umuarama há dois anos. Caiu quando tentava levar drogas ao namorado. Sua história é uma lição de vida e serve de reflexão neste Dia das Mães.

Rosi é mamãe de primeira viagem. Acabou engravidando na cadeia e passou a gestação cumprindo pena. Hoje a pequena Ana Rebeca Villar dos Santos tem seis meses. Emocionada, Rosi lamenta passar o primeiro Dia das Mães longe da filha, que está em Foz com a avó Lidia.

O álbum de fotografias da filha que chegou pelo correio e as cartas vão consolar Rosi neste domingo.

A jovem pretende pagar certo sua cadeia, voltar à terra natal e recomeçar a vida. “Não desejo a nenhuma mãe passar o que eu passei e estou passando. É uma verdadeira lição de vida. Doi muito passar meu primeiro Dia das Mães sem minha filha e sem minha mãe”, diz Rosi, com a voz cortada pela emoção.

Sexta-feira o Ilustrado ouviu duas mães detentas no Secat (Setor de Carceragem Temporária) da 7ª Subdivisão Policial. A outra personagem da reportagem especial é Ana Maria dos Santos, 39, que cumpre pena acusada de ter matado o marido em novembro de 2010.

Dona Maria tem cinco filhos. A Polícia Civil cumpriu seu mandado de prisão há um mês.

Rosi descreve que é a pior sensação que uma mulher pode viver. Vê nos erros do passado motivação para conseguir dar a voltar por cima e lutar por um futuro melhor à sua filha.

“Ao mesmo tempo penso muito na minha mãe. Quando eu sair daqui, vou abraçá-la e pedir perdão por todos os meus erros. Ela é a melhor mãe do mundo e nunca me abandonou. Quero refazer minha vida e procurar acertar nas minhas escolhas e ficar perto da minha filha e da minha família”, relata.

Quando teve neném, Rosi, que afirma não ser viciada em drogas, ficou quatro meses em prisão domiciliar para amamentar e dar atenção à filhota Ana Rebeca. O parto ocorreu no hospital São Paulo de Umuarama. O pai também está preso na cidade. A detenta informa que verá a filha e a mãe em julho. “Não vejo à hora de pegar minha filha no colo e abraçar minha mãe”, descreve.

“Cadeia não é lugar de mãe”
Moradora no distrito de Lovat, dona Maria tem cinco filhos. Uma escadinha: Jeferson de 23 anos, Gisele 22, Gislaine 18, Ane Caroline 14 e Maria Aparecida 9.

A trabalhadora rural se arrepende muito em não poder preparar o almoço deste domingo, como sempre fazia em anos anteriores. O que a confortou nesta semana foi a visita, na quinta-feira, de três filhos e do garoto Nicolas, um dos netos.

“Queria muito passar com eles esse domingo. Agora tenho que me conformar e cumprir minha pena. Porém, minha bênção é que trago fé em Deus que logo vou sair”, expõe dona Maria, que tem os pais falecidos.

Mesmo estando longe e pagando por um erro grave, a umuaramense deseja um bom Dia das Mães aos filhos e netos.“Que Deus ilumine eles.”

Conversadora, ela diz ainda que cadeia não é lugar de mãe de família. “É uma humilhação muito grande estar aqui, trancada e amontoada junto com outras mulheres.

A dor e o sofrimento são companheiros inseparáveis no dia a dia. É uma cruz que tenho que carregar, mas vou cumprir meu castigo, sair e dar a volta por cima”, conclui.

Quando Rosi e Maria concederam as entrevistas não era dia de visitas, mas o setor de carceragem colaborou com o trabalho do jornal.