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O CIRCO (I)MUNDO DE HORRORES

Bombas de fósforo branco israelenses queimam palestinos em Gaza; balas perdidas executam crianças no Rio; guerras civis assassinam dezenas de milhares de seres humanos em Darfur. Em todo o planeta, desigualdades sociais produzem o inimaginável: 1 bilhão de seres humanos vive abaixo do nível da miséria, vítima da fome, da subnutrição e das epidemias que se alastram sem encontrar rresistência nos corpos ressecados e combalidos.

Mais de 30 mil crianças morrem por dia, em todo o mundo, como resultado de doenças associadas à subnutrição, segundo estatísticas divulgadas pela ONU. Isso equivale, diariamente, a dez vezes o número total de vítimas do atentado contra o World Trade Center, considerado pela mídia “o maior atentado terrorista da história”. Cerca de 38 milhões de refugiados de guerra abarrotam os campos miseráveis da ONU, à espera diária de uma dose mínima de alimentos e remédios, mas destituídos de esperança no futuro. Vegetam, apenas. O novo dado sinistro: os refugiados agora são também produzidos por crescentes desastres ambientais, que ameaçam expulsar milhões de seus locais de origem.

Enquanto isso, um único banqueiro espertalhão dá um golpe de 50 bilhões de dólares em Nova York; restaurantes em São Paulo cobram milhares de reais por uma garrafa de vinho; as diárias dos hotéis em Dubai, novo paraíso dos “ricos e famosos”, superam os 20 mil dólares; um jovem jogador de futebol que, até anteontem, brincava com os amigos nas praias de Santos paga agora, só de multa, a soma de 1 milhão de dólares, valor considerado normal no circuito bilionário do futebol europeu. Ah, sim, e os astros de Hollywood ganham 20 milhões de dólares para participar da dose cotidiana da indústria da hipnose que torna a vida suportável. E nunca se gastou tanto em armas, drogas e entretenimento – das megaproduções cinematográficas às copas e olimpíadas mundiais.

(Por vezes, o delírio dos atores de Hollywood atinge tal proporção que eles passam a assumir na “vida real” o papel que lhes é reservado na tela. Logo após o ataque dos Estados Unidos ao Iraque, em 2003, o brutalhão Bruce Willys, especializado em interpretar herói de filmes de guerra, chegou a oferecer uma recompensa de 1 milhão de dólares a quem fornecesse pistas sobre o paradeiro de Sadam Hussein. Pobre idiota!).

Por José Arbex Jr. – Para continuar a ler essa matéria e outras confira a edição de março da revista Caros Amigos, já nas bancas, ou assine a versão digital da Caros Amigos.