por Nelson de Sá, na Folha de S.Paulo
O Netflix, serviço de filmes e programas via internet, de baixo custo, retomou ontem sua trajetória de principal ameaça à televisão.
Com a divulgação do balanço do primeiro trimestre, suas ações voltaram a ser negociadas em Nova York acima de US$ 200 pela primeira vez desde 2011, quando sofreu uma crise de confiança junto aos assinantes.
No balanço, o Netflix informou ter aumentado em 2 milhões o número de assinantes nos Estados Unidos, totalizando 29,2 milhões.
Segundo analistas do setor ouvidos por “Variety” e “New York Times”, conseguiu deixar para trás na liderança a HBO, serviço de filmes e programas via TV paga, por cerca de 500 mil assinantes.
Fora dos EUA, o Nérolis elevou o número de assinaturas em 1 milhão, para 7,1 milhões. Nesse âmbito, porém, a HBO é 16 vezes maior.
Em entrevista à revista “GQ” de janeiro, o diretor de conteúdo do Netflix já dizia que “o objetivo é se tornar a HBO antes que a HBO possa se tornar Netflix”.
NO BRASIL, AUMENTO
A única menção do relatório à operação brasileira foi quanto ao reajuste “modesto” na assinatura mensal, de R$ 15 para R$ 17, já anunciado aos clientes.
A justificativa, segundo o fundador e presidente-executivo, Reed Hastings, é recuperar a inflação acumulada desde o lançamento no país, há um ano e meio.
O balanço não detalha resultados financeiros ou de penetração no Brasil ou qualquer outro país, fora os EUA.
E o único dado de audiência foi global e aproximado: seus quase 36 milhões de assinantes digitais assistiram a um total de 4 bilhões de horas de programação via internet, no primeiro trimestre.
Além do serviço on-line, o Netflix ainda mantém nos EUA a entrega de DVDs por correio, origem do negócio, mas hoje inexpressiva. Foi justamente a tentativa frustrada de isolar os DVDs em empresa à parte que levou à crise de confiança de 2011.
CASTELO DE CARTAS
Lançada em fevereiro, com direção de David Fincher e protagonizada por Kevin Spacey, a série “House of Cards” (castelo de cartas) foi o destaque de Hastings ao apresentar o relatório.
Primeiro investimento de peso do Netflix em conteúdo, a série trouxe para todo o serviço, segundo seu fundador, “um efeito de halo” (percepção favorável) mundo afora.
“O alto nível de satisfação indica que somos capazes de usar os dados e focar a nossa audiência tão bem quanto a TV aberta e fechada”, disse Reed Hastings.
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