Katia Brembatti, Gazeta do Povo
A 4ª fase da Operação Carne Fraca, nomeada de Romanos, deflagrada nesta terça-feira cumpre 68 mandados de prisão. A autorização partiu 1ª Vara Federal de Ponta Grossa, ao todo são mandados à cumprir em 35 cidades, 4 delas são no Paraná
A confissão de representantes da empresa BRF Foods levou a Polícia Federal a deflagrar a 4ª fase da Operação Carne Fraca, na manhã desta terça-feira (1º), mirando propinas pagas a pelo menos 60 auditores fiscais agropecuários.
A 1ª Vara Federal de Ponta Grossa autorizou 68 mandados de busca e apreensão em nove estados: Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso, Pará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro. São 35 cidades, incluindo quatro paranaenses: Curitiba, Ponta Grossa, Castro e Carambeí.
A fase da operação ganhou o nome de Romanos, em referência a passagens bíblicas do livro de mesmo nome que tratam de confissões e justiça. Segundo a Polícia Federal, a empresa do ramo alimentício colaborou espontaneamente com a investigação, relatando casos de corrupção passiva. Teriam sido gastos pelo menos R$ 19 milhões em vantagens indevidas, que iam desde o pagamento em espécie até a contratação de planos de saúde ou por contratos fictícios de prestação de serviços.
A prática teria cessado em 2017, quando foi deflagrada a primeira fase da Carne Fraca, com grande repercussão. A investigação resultou em condenações e também na demissão de envolvidos.
Em coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (1º), a investigação destacou que o foco da nova fase é o combate à corrupção por agentes públicos na fiscalização de empresas de proteína animal. O superintendente da PF no Paraná, Luciano Flores de Lima, fez questão de lembrar que embora a operação tenha recebido críticas no passado, acusada de desestabilizar o mercado, o país hoje se consolidou como principal produtor mundial, num cenário de mais credibilidade.
Os mandados se concentraram nas casas dos auditores, em busca de documentos e celulares que possam reforçar as provas já coletadas durante a investigação e, eventualmente, comprovar que havia cobrança de propinas para outras empresas. Dos 60 envolvidos, 39 ainda estariam na ativa.
Foram feitas buscas também em empresas, acusadas de intermediar contratos fictícios, usados para disfarçar o pagamento de propina. É o caso da União Avícola, ligada ao ex-senador Cidinho Santos (PR). A PF destacou que ele não é investigado no caso. A empresa foi procurada pela reportagem e ainda não retornou ao pedido de posicionamento.
Em nota, a BRF Foods apontou que “tem colaborado com as autoridades para o esclarecimento dos fatos apurados nas investigações”. A empresa destacou ainda que “nenhum de seus escritórios ou instalações ou de seus administradores foi alvo, nesta data, de medidas de busca e apreensão no âmbito dessa operação e suas atividades seguem em plena normalidade”.
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