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Nos primeiros meses do ano, total de homicídios cresce 21% em Foz

VIOLÊNCIA

Nos primeiros meses do ano, total de homicídios cresce 21% em Foz

Cidade pode chegar aos 400 assassinatos até o fim do ano, superando o recorde de 2006
 
Foz do Iguaçu pode chegar ao fim deste ano com cerca de 400 homicídios registrados nos livros do Instituto Médico Legal (IML) da cidade. A projeção toma por base o aumento de 21,5% no número de casos de assassinatos ocorridos de 1.º de janeiro a 10 de maio de 2006 em relação ao mesmo período deste ano, com o total de ocorrências passando de 93 para 115. A situação torna-se mais preocupante se for considerado que 2006 foi o ano em que a cidade mais registrou homicídios, com 328 mortes.

Dentro do balanço deste ano, chamam a atenção as mortes ocorridas em confrontos entre policiais e suspeitos de envolvimento em crimes variados, como homicídios, roubos à mão armada e, principalmente, tráfico de drogas. Segundo os registros do IML, em dez embates com a Polícia Militar foram mortas dez pessoas neste ano, quatro somente em maio.

Narcotráfico
A crescente onda de violência na cidade, segundo a polícia, tem ligação direta com ilícitos encabeçados pelo narcotráfico. Na tentativa de conter o avanço da criminalidade, até o fim do mês, equipes da Delegacia Antitóxicos irão auxiliar nas investigações de assassinatos e a cidade passará a contar com uma sede própria para a Delegacia de Homicídios, a primeira no interior do estado.

“O vínculo entre estas mortes e o tráfico é bastante evidente”, afirma o delegado-chefe da 6.ª Subdivisão da Polícia Civil, Márcio Vinícius Amaro. Entre as principais dificuldades para se chegar aos autores dos casos está a falta de testemunhas formais. Os crimes acontecem a qualquer hora do dia ou da noite e nem mesmo as famílias das vítimas, temendo represálias, colaboram com as investigações. “Com a cooperação das duas divisões acreditamos que o trabalho terá maior agilidade e os casos diminuam.”

Para o delegado, além do investimento no aparato policial e do trabalho para tentar reduzir o número de armas nas mãos dos bandidos e ampliar o sentimento de punição, é preciso também apostar em programas sociais que auxiliem na recuperação econômica da cidade, atingida pelos reflexos do arrocho promovido pela Receita Federal ao contrabando.

Dados da 9.ª Regional de Saúde mostram a gangorra dos homicídios na fronteira, acelerada nos últimos seis anos. Enquanto em 2001, o número de assassinatos chegou a 246 casos, em 2004 foram 300, caindo para 244, em 2005, e atingindo 304 ocorrências, no ano passado.

Levando-se em conta a classificação do Ministério da Saú-de, que desconsidera da lista de homicídios as mortes em situação de latrocínio (com a finalidade de roubar) e as ocorridas nos embates policiais, Foz do Iguaçu está entre as cidades mais perigosas do país, ocupando a 11.ª posição no ranking nacional e a 1.ª no estadual. Com um índice de 98,6 casos de assassinatos para cada grupo de 100 mil habitantes, em 2004, o grau de violência foi quase quatro vezes maior do que na média do país, com 27,2.

De acordo com o Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, divulgado em fevereiro pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), a grande incidência de jovens mortos também coloca a cidade no topo da lista dos municípios brasileiros com maior índice de assassinatos juvenis: 223,3 homicídios para cada 100 mil habitantes, entre 2002 e 2004, seguida de Serra (ES) e Recife (PE).
 

Governador inaugura sede de especializada   
  
O governador Roberto Requião e o secretário estadual de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, inauguram hoje, às 9 horas, a nova estrutura da Delegacia de Homicídios de Foz do Iguaçu. Instalada oficialmente há cerca de um ano e meio, a especializada vinha funcionando de forma precária em uma das salas do prédio da 6.ª Subdivisão de Polícia Civil.

Comandada pelo delegado Renato Coelho de Jesus, a unidade acumula cerca de mil inquéritos em andamento. Uma equipe de dez servidores acompanha cada novo registro de homicídio na cidade, na tentativa de identificar os autores. Apesar das dificuldades estruturais e da falta de testemunhas, cerca de 65% dos casos acabam solucionados.

Estes números podem ser ampliados com ações conjuntas com outras unidades da polícia e o cruzamento de informações em todo o estado. Estima-se que, em alguns dias, a Delegacia Antitóxicos também já esteja atuando no combate ao crime na cidade. Além das sedes da Homicídios de Curitiba e de Foz do Iguaçu, a rede montada pelo governo deve incluir estruturas semelhantes em Cascavel, Pato Branco, Londrina e Maringá.

(Fabíula Wurmeister – www.gazetadopovo.com.br)