O projeto Visita Virtual, desenvolvido pelo Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), está possibilitando que as detentas da Penitenciária Feminina do Paraná (PFP), em Piraquara, revejam suas famílias. As conversas são por chamadas de vídeo, que duram cerca de meia hora, e acompanhadas por agentes penitenciários. As detentas utilizam o computador instalado na unidade, enquanto os familiares têm acesso via celular ou computador, como em uma chamada de vídeo normal.
Fabiana, que há sete anos cumpre pena por tráfico de drogas, pode rever uma de suas filhas e, inclusive, conhecer dois netos, pela tela do computador dentro da penitenciária, enquanto sua família . Desde que foi presa nunca recebeu uma visita. “Fiquei muito emocionada em ver minha filha e meus netos. Eu sei que sou amada pela minha família. Tomei um caminho errado, mas já paguei e agora quero ficar com eles”, afirma Fabiana, que está prestes a sair da prisão.
Ela é uma das 380 presas da penitenciária feminina de Piraquara. Até agora foram feitas na PFP cinco visitas virtuais. O projeto, ainda em fase piloto, é inédito no Brasil e será estendido a todas as 31 unidades penais do Paraná.
De acordo com o secretário de Administração Penitenciária, Élio de Oliveira Manoel, sete a cada dez presas não recebem visitas porque não há procura por parte das famílias. “A determinação do governo é humanizar o tratamento penal. A gente acredita que essas pessoas terão um complemento que é a esperança, que motiva a pessoa a cada dia ser melhor aqui para sair novamente ao encontro da família na busca da ressocialização”, afirma. A intenção, com a criação do projeto, é tentar reaproximar as presas de suas famílias, que muitas vezes moram longe e não conseguem visitá-las.
FORTALECE – Foi por meio dessas visitas que Suzamar, condenada a 22 anos de prisão, por latrocínio, conheceu o neto que nasceu há poucos dias. “Isso me renovou, me fortaleceu aqui dentro”, conta. “Eu achei muito boa essa iniciativa, tanto pra gente quanto pra ela”, diz a nora de Suzamar, Angélica.
Natural de Umuarama, Jéssica, 26 anos, está há dois anos e meio na Penitenciária em Piraquara, presa por associação do tráfico de drogas. Desde então não recebeu visita da família devido a distância, inclusive, do seu filho de 7 anos. “A gente está longe e sem visita sofremos muito. Eles não têm condições de vir até aqui, fica tudo muito difícil”, diz.
Ela foi a quarta detenta a participar da visita virtual e conta como foi rever seu filho e sua mãe depois de tanto tempo. “Conversamos bastante, foi muito legal e estou ansiosa para a próxima visita. É uma coisa boa iniciativa, já que não temos como ver nossa família pessoalmente. É uma oportunidade única, a gente mata a saudade e se emociona”, afirma.
ESTRUTURA – Os equipamentos utilizados para as visitas virtuais foram instalados nas 31 penitenciárias, primeiramente, para a realização de web audiências por videoconferência na própria unidade, um programa entre o Governo do Estado e o Tribunal de Justiça, para agilizar os processos, reduzir custos e evitar deslocamentos dos presos.
“Como as audiências só acontecem no período da tarde, pensamos em otimizar a utilização desse equipamento para aproximar os presos e suas famílias”, diz o coronel Oliveira. Ele ainda destaca que para ter acesso a visita virtual, que é um beneficio, é necessário que o preso apresente bom comportamento, disciplina e cumpra suas obrigações.
MORAM LONGE – O coordenador do projeto Governo Digital, Marco Aurélio de Araújo Barbosa, diz que a intenção, primeiramente, foi facilitar o credenciamento das vistas e reduzir os custos de deslocamento para fazer o credenciamento. “Temos famílias que moram longe e não têm recursos, mães e pais idosos que por razão de acessibilidade não conseguem ir até o presídio. Por isso, pensamos em usar a tecnologia e disponibilizá-la a família do detento”, afirma.
O coordenador explica que o cadastro será feito no portal do Governo Digital, do Governo do Paraná, e por meio desse cadastro biométrico será feito o agendamento da visita. Uma vez credenciada, a pessoa estará apta a fazer as visitas, tanto presencial quanto virtual, respeitando os agendamentos e horários disponíveis e, também, a lista de detentos que terão condições de acessar o benefício. O cadastro estará disponível a partir da segunda quinzena de setembro.
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