Quando o assunto é reforma agrária nestes dez anos de Governo PT, poucos são os motivos para comemorar. Membros do Movimento dos Sem-Terra – criado em Cascavel no fim da década de 1980 -, que contribuíram para colocar o Partido dos Trabalhadores no lugar mais alto do poder no Brasil, sentem uma ponta de frustração em relação ao tratamento do governo federal ao processo de aquisição de áreas para fins de assentamento. Esse cenário de descaso e desinteresse, conforme o MST, é observado principalmente no Paraná e na região Oeste.
Das 5,5 mil famílias paranaenses que ainda aguardam embaixo de lonas sustentadas por caibros e galhos de árvores, pelo menos 700 estão espalhadas por mais de dez acampamentos na região, mais da metade concentradas em Cascavel. Essa é a estimativa apresentada por um dos coordenadores regionais do MST, Eduardo Rodrigues. As famílias aguardam há anos uma chance de produzir em áreas de aproximadamente cinco alqueires.
Em Cascavel, os acampamentos abrigam mais de 400 famílias. São eles: Casa Nova (Linha km 408), na saída para Curitiba; Acampamento Primeiro de Maio, pertencente ao ex-secretário da Saúde de Cascavel, Idelmar Canto. Na propriedade da famílias Festugatto há mais três acampamentos, que abrigam centenas de famílias. Outro fica na Dorcelina Folador. Há também famílias sem-terra no Acampamento Primeiro de Agosto, outra área da Festugatto. Os sem-terra da Sete de Setembro, na Fazenda Trento, esperam há anos a compra de áreas pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para serem assentadas.
Às margens da BR-369, entre Cascavel e Corbélia, 50 famílias do MLST (Movimento para Libertação dos Sem-Terra) passam dia e noite na expectativa de um dia deixar o local e poder produzir em terras férteis. Sem contar o risco de ficar acampado às margens de uma das rodovias mais utilizadas na região, em virtude da ligação com o Sudeste do Brasil.
Ainda na região Oeste, há acampamentos em Lindoeste, Ramilândia e Matelândia. De acordo com Nogueira, o atual governo adotou um modelo de desenvolvimento do País em que não há espaço para a reforma agrária. “É uma proposta equivocada, baseada em um modelo chinês, de desenvolvimento a qualquer custo”, diz o líder sem-terra.
Nogueira cita o orçamento dedicado à agricultura, sem investimentos maciços no setor da produção familiar no campo. “Esse segmento acaba em segundo plano e alijando as famílias de poder desfrutar de uma melhor qualidade de vida no meio rural”. Ele reclama ainda da falta de políticas públicas efetivas para o pequeno produtor e flexibilidade nas linhas de crédito.
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