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NO COMANDO DE DILMA A ORDEM É RIFAR TEMER

Por mais que coloque os perdigueiros em campo, não será fácil para o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), garantir a vice da ministra Dilma Rousseff (PT) na campanha à presidência da República. Temer (foto) vai tentar uma cartada decisiva no próximo dia 6 de fevereiro, quando será ungido novamente presidente do partido, na expectativa de receber de mãos beijadas a indicação tão sonhada.

Porém, no comando de campanha de Dilma, é cada vez mais crescente a idéia de que o melhor para todso é rifar o cacique peemedebista da chapa na coligação entre os dois partidos. Os prefeitos são Henrique Meireles, presidente do Banco Central e o mineiro Hélio Costa, ministro das Comunicações de Lula.

Temer na avaliação dos cabeças pensantes da campanha de Dilma, incluindo aí o presidente Lula e o ex-ministro chefe da Casa Civil Zé Dirceu, não tem votos e não agrega apoio de outros partidos para a chapa petista. O blog separou duas matérias dos jornais O Estado de São Paulo e da Folha de São Paulo, sobre a "fritura" do presidente nacional do PMDB.

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NO COMANDO DE DILMA A ORDEM É RIFAR TEMER

Por mais que coloque os perdigueiros em campo, não será fácil para o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), garantir a vice da ministra Dilma Rousseff (PT) na campanha à presidência da República. Temer vai tentar uma cartada decisiva no próximo dia 6 de fevereiro, quando será ungido novamente presidente do partido, na expectativa de receber de mãos beijadas a indicação tão sonhada.

Porém, no comando de campanha de Dilma, é cada vez mais crescente a idéia de que o melhor para todso é rifar o cacique peemedebista da chapa na coligação entre os dois partidos. Os prefeitos são Henrique Meireles, presidente do Banco Central e o mineiro Hélio Costa, ministro das Comunicações de Lula.

Temer na avaliação dos cabeças pensantes da campanha de Dilma, incluindo aí o presidente Lula e o ex-ministro chefe da Casa Civil Zé Dirceu, não tem votos e não agrega apoio de outros partidos para a chapa petista. O blog separou duas matérias dos jornais O Estado de São Paulo e da Folha de São Paulo, sobre a "fritura" do presidente nacional do PMDB.

Confira a seguir:

Comando da campanha de Dilma quer apoio de aliados para rifar Temer

Tática preserva aliança com PMDB, mas, na avaliação do governo, o deputado não tem voto nem agrega apoio

Vera Rosa – JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO

O comando da campanha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto tem resistências à indicação do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), como vice da chapa petista e procura construir alternativas na seara do PMDB sem deixar digitais na operação política. Na expectativa de que muitos aliados desejem rifar Temer, petistas estimulam agora, nos bastidores, os partidos da frente de apoio a Dilma a opinar sobre o vice.

A tática não implica mudança na estratégia geral. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT querem o PMDB de vice na chapa e avaliam a parceria como fundamental para eleger a chefe da Casa Civil. O problema está concentrado em Temer, que, na opinião do governo, não tem voto nem agrega apoio, apesar de ser de São Paulo, o maior colégio eleitoral do País.

A dobradinha com o PMDB foi assunto da reunião promovida pela corrente Construindo um Novo Brasil, majoritária no PT, na sexta-feira e no sábado, em São Roque. O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu repetiu ali a opinião manifestada por Lula em dezembro: a candidata precisa ser consultada antes de batido o martelo sobre o vice.

"Não existe indicação de vice sem acordo mútuo entre os partidos da coalizão que apoiará a candidatura", afirmou Dirceu, insistindo em que a posição era pessoal e já havia sido manifestada em seu blog. Para o ex-ministro ? que voltará a ocupar assento na direção do PT ao lado de outros réus do mensalão ?, a prioridade, hoje, não é o nome do vice, mas sim a montagem dos palanques estaduais.

As cúpulas do PT e do PMDB marcaram novo encontro para amanhã, na tentativa de fechar acordo em Estados onde os dois partidos vivem às turras, como Pará, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul e Minas. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, quer concorrer ao governo de Minas e está em rota de colisão com o PT ? que tem dois pré-candidatos, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias.

Costa admite trocar a disputa em Minas pela vaga de vice de Dilma, mas fatia considerável do PMDB torce o nariz para essa ideia. Para fortalecer Temer, a convenção do PMDB ? que vai reconduzi-lo à presidência do partido ? foi antecipada em um mês, de março para 6 de fevereiro. No fim do ano passado, o nome de Temer apareceu na Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal. Ele classificou como "safadeza e indignidade" a denúncia de que teria recebido R$ 410 mil da construtora Camargo Corrêa entre 1996 e 1998.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, cristão novo no PMDB, também está de olho na cadeira de vice e a opção ganha força no governo. Mas auxiliares de Lula dizem que o Planalto não vai esticar a corda se perceber que só Temer garantirá a manutenção da aliança.

Em dezembro, Lula provocou a ira do PMDB ao sugerir a indicação de uma lista tríplice para que Dilma escolhesse seu vice. "Isso é que nem casamento", comparou o presidente. "Quem vai casar com o vice é a candidata e você não pode empurrar alguém que não tenha nenhuma afinidade com ela, porque aí será a discórdia total, não é?". Dias depois, Lula tentou jogar água na fervura da crise. "Temer é um grande companheiro", elogiou.

Convencido de que está em curso a fritura de Temer, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), avisou que seu partido não aceitará imposições. "O PMDB não veta ninguém, mas também não admite ser vetado." Depois, mais cauteloso, afirmou que "o PMDB é uma sorveteria cheia de qualidades" e tem outros nomes. Destacou, porém, que Temer é o que mais unifica a sigla.

"Do jeito que o PMDB está fazendo, não está adequado", disse o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP). "Eles acham que há um tensionamento no PT e estão vendo briga onde não existe". Para Vaccarezza, Temer é a melhor opção. "Há companheiros que acham outra coisa, mas quem vai decidir é o PMDB, Dilma e os partidos da frente, com pouco peso do PT", amenizou.

 

 PT conspira contra entrega da vaga de vice a Temer

Josias de Souza – Folha de São Paulo

Um pedaço do PT joga gasolina numa fogueira que se imaginava apagada. As labaredas ardem ao redor da vaga de vice na chapa de Dilma Rousseff. Parte do petismo ainda torce o nariz para a idéia de levar à chapa da ministra o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).

O partido de Lula age com mão de gato. Para não imprimir as digitais na operação, instila outros partidos governistas a altear a voz. Nada contra a exigência do PMDB de indicar o vice. Deseja-se, porém, um nome que, no dizer do petismo, agregue mais votos e apoio a Dilma.

Deve-se a revelação à repórter Vera Rosa. Em notícia veiculada nesta terça (26), ela conta que o pescoço de Temer foi tema de debate num encontro do PT. Reuniu, no final de semana, expoentes da corrente Construindo um Novo Brasil, majoritária na legenda.

A repórter recolheu declaração de José Dirceu. Réu no processo do mensalão, foi reconduzido ao diretório do PT. Dirceu repisou no encontro petista raciocínio que expusera em conversa com Lula, em dezembro: "Não existe indicação de vice sem acordo mútuo entre os partidos da coalizão que apoiará a candidatura".

O fósforo do vice fora riscado por Lula no final do ano. Em viagem ao Maranhão, dissera que o PMDB deveria encaminhar a Dilma uma “lista tríplice”. A reação do PMDB convertera a fagulha em fogaréu. O partido gritara, esperneara, exigira explicações do presidente.

Até hoje, Lula não pronunciou em público nada que se assemelhe a uma explicação cabal. Ainda assim, a caciquia do PMDB dava a página por virada. Curiosamente, a encrenca volta às manchetes nas pegadas de um tônico servido pelo PMDB a Temer na semana passada.

Reunidos em Brasília, os caciques das duas principais alas do partido –uma da Câmara e outra do Senado— decidiram se unir em torno de Temer. Antecipou-se de março para 6 de fevereiro a convenção em que o PMDB reconduzirá Temer à presidência do partido.

Temer divulgou nota dissociando a iminente recondução ao comando partidário do debate sobre a escolha do vice. Lorota. Uma coisa está diretamente ligada à outra. Como que pressentindo o cheiro de queimado que exalaria do PT, Romero Jucá saiu em defesa de Temer nesta segunda (25): “Nenhum partido deve se meter nas decisões internas do PMDB. O PMDB não veta ninguém e não quer ser vetado”.

Líder de Lula no Senado, o pemedebê Jucá (RR) disse que o comando do partido volta a se reunir nesta terça (26). Para quê? Vai-se fechar a composição da chapa que, encabeçada por Temer, será eleita na convenção de fevereiro para dar as cartas no PMDB.

De resto, informou Jucá, o partido vai indicar Temer como nome único para compor a chapa com Dima Rousseff. E quanto à lista tríplice de que falou Lula? “O presidente nunca conversou sobre isso com a gente. Não há imposição nenhuma e não há veto…” “…Nós vamos definir o PMDB e o PT vai definir o PT. Vão haver conversas, mas não há veto”.

Vetos, de fato, não há. Mas o movimento anti-Temer urdido pelo petismo não é alheio à vontade de Lula. Se o PMDB quebrar lanças por Temer, Lula deve digerir o nome. Mas não o fará por gosto. Preferiria um nome como o do neopemedebê Henrique Meirelles, presidente do BC.

O diabo é que, diferentemente de Temer, Meirelles não dispõe de votos na convenção do PMDB que oficializará (ou não) o apoio a Dilma em junho. Temer deseja a vice, trabalha por ela. Mas, jeitoso, diz coisas assim: “Não existe candidatura a vice”. Quem faz o vice, afirma ele, são as circunstâncias.

De resto, declara que, antes de decidir o nome –“Há muitas opções no PMDB”—convém eliminar as arestas que separam o seu partido do PT em alguns Estados. Algo que será objeto de nova discussão nesta quarta (27), em encontro que reunirá, pela enésima vez, o comitê de negociadores petês e pemedebês.

Na madrugada desta terça, o blog ouviu um grão-pemedebê sobre a ressurreição das labaredas do vice. E ele: “Esse pessoal do PT gosta de brincar com fogo. Vão acabar queimando a ministra Dilma. Ela precisa mais de nós do que nós dela”.