Por André Gonçalves, na Gazeta do Povo:
Quinze horários reservados para despachos internos, 29 reuniões com ministros, contra apenas duas entrevistas coletivas no Palácio do Planalto e três aparições em eventos públicos.
As estatísticas da agenda de Gleisi Hoffmann durante o primeiro mês como ministra da Casa Civil, completado hoje, comprovam que ela levou a sério a tarefa de mudar o perfil da pasta, que voltou a se dedicar mais à gestão do que à articulação política. Nessa linha, o período serviu para a paranaense como um curso intensivo de como ser a “Dilma” da presidente Dilma Rousseff.
A opção pela discrição e pelo trabalho de gabinete, por enquanto, surtiu efeito até entre a oposição.
“É cedo para fazer qualquer avaliação, mas só o fato de ela descontaminar o ambiente deixado pelo Palocci já pode ser considerado algo positivo”, diz o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), ferrenho oposicionista no Congresso Nacional.
Líder do PSDB na Câmara, o paulista Duarte Nogueira tem opinião parecida, mas dá o recado: “O destaque de uma pessoa pública não se dá no momento de águas tranquilas, mas na turbulência”.
Gleisi assumiu o cargo após a pior tempestade do atual governo, o escândalo que levou à queda de Antonio Palocci. Coordenador da campanha de Dilma e interlocutor do PT com o empresariado, o ex-ministro acabou absorvendo a imagem de “estrela” dentro e fora do Planalto. Menos famosa, a paranaense acabou ganhando pontos justamente por ser considerada mais atenciosa.
“O Palocci era uma pessoa de difícil acesso, enquanto a Gleisi parece mais aberta. Agora, para ver se é isso mesmo, a gente ainda precisa esperar um pouco. O pessoal está apreensivo”, diz deputado paranaense Nelson Meurer, líder do PP, terceiro maior partido da base governista na Câmara.
A imagem de política afável tem a ajudado a ministra a passar ao largo de novas confusões. Nas poucas falas à imprensa, houve apenas uma polêmica, quando ela disse que “não há recurso público” do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour.
A tese de Gleisi é que os recursos viriam da BNDESPar, um braço do órgão em empresas privadas realmente sem interferência do governo, mas cujos resultados têm impacto nas receitas do Tesouro Nacional.
Mudanças
Se os primeiros 30 dias da paranaense foram marcados pelas raras notícias externas, internamente uma série de mudanças já está em andamento.
A ministra pagou calcinha na Playboy, deem uma olhada la na reportagem da revista deste mês, a que tem as tchecas na capa. Uma lástima para nós Paranaenses.