Thais Bilenky, Folha de S. Paulo
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou neste domingo (18) que evitará a polarização em sua campanha a presidente e prega a conciliação nacional, citando o ex-presidente Juscelino Kubitschek (1956-61). “Deixo de lado os pesadelos do passado. Não vou ficar brigando por coisa de PT, não sei o quê, mas vou olhar para o futuro.”
Em entrevista dentro de um carro que o levava da votação na prévia tucana para o governo do Estado para o Jaraguá, onde entregou um conjunto habitacional, o tucano disse que dará ênfase a infraestrutura, geração de emprego e redução da desigualdade.
Alckmin tem até 7 de abril para deixar o governo paulista. Ele é alvo de um pedido de inquérito no Superior Tribunal de Justiça a partir da delação da Odebrecht.
Um ex-executivo da empresa diz que negociou repasse de R$ 2 milhões em caixa dois para a campanha do tucano ao governo em 2010 com o cunhado Adhemar Ribeiro. Na semana passada, Alckmin disse que afirmação é uma “aleivosia”.
Folha – O palanque duplo em São Paulo [João Doria e Márcio França] vai prejudicar sua campanha?
Geraldo Alckmin – Todas as eleições vão ser muito fragmentas, nacional e estaduais.
O presidente Temer pode tentar a reeleição, o que o sr. acha?
Vão ter “n” candidatos. É o resultado do quadro pluripartidário. Vai melhorar com a proibição da coligação proporcional, mas só para a próxima eleição.
Nesta eleição, qual vai ser sua estratégia?
[Sorri]. Você viu a grande notícia de Minas Gerais, né? [O senador tucano Antonio Anastasia comunicou que aceita disputar o governo, dando palanque a Alckmin].
Pode dar problema com o DEM, que queria lançar candidato próprio em Minas, com apoio do PSDB.
Anastasia é o candidato natural no estado. A campanha está tomando rumo.
Mas com tantas candidaturas?
Aumentando o número de estados em que os palanques estão se organizando, vai clareando, as alianças também vão clareando.
Com que alianças o sr. conta?
Eles é que devem falar, né? Mas estão bem encaminhadas.
Como o sr. avalia o caso de Marielle Franco [vereadora carioca assassinada]?
Nossa, que coisa. Um assassinato covarde.
Como o episódio afetará a campanha?
Mostra bem a gravidade do quadro, a ousadia, né?
Na campanha, esse tema terá um papel importante, não?
Agora, as polícias têm o dever de rapidamente elucidar e prender os criminosos.
Será possível elucidar?
Acho que é. A inteligência policial já deve ter algum tipo de informação e deve estar procurando trabalhar para esclarecer rápido.
O senhor escolheu posar na foto hoje, dia da prévia, com João Doria. Por quê?
Não, esse conjunto [habitacional entregue] ficou pronto, a gente entrega.
Mas tem o simbolismo do dia.
É coincidência, não tem nada a ver com a prévia. Já está marcado. É uma obra do estado, não é da prefeitura, 100% do estado.
Ele vai amolar o senhor para ser candidato a presidente?
[Sorri e balança a cabeça] Não. [Muda de assunto, apontando pro Rodoanel] Essa é uma grande rodovia, quatro frentes de trabalho simultâneas para entregar até o final do ano o último trecho do Rodoanel. Suando a camisa, porque o governo federal, que deveria entrar com um terço da obra, está pagando um sexto, o estado está bancando quase sozinho.
A redução foi no governo Temer ou antes?
O atual governo. Uma obra estratégica para o Brasil. Você vai ligar o maior aeroporto, que é Cumbica, o maior porto, que é Santos, e dez estradas que chegam em São Paulo.
Quem é o candidato do PSDB que seria melhor para continuar o governo?
[Risos] Esses últimos três anos foram muito duros do ponto de vista econômico. As empresas perderam muito. Os governos estão sofrendo. São Paulo se manteve em dia, mantém investimentos. Fizemos a lição de casa. [Diz ao assessor] Você tem os dois cartões de visita? Esse cartão de visita [duas folhas de papel com gráficos] mostra [a evolução de 2011 a 2017 dos resultados] federal e estadual da receita primária e despesa primária. Brutal o deficit fiscal [da União], São Paulo sempre com superávit. [Vira a página] Você vê homicídios por cem mil habitantes, chegamos ao menor número da série histórica. Fechamos o ano passado com 8,02, o menor do país. Mostra que é possível, sim, melhorar a segurança pública.
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