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Não pode. Não faça. Não pense, por Claudia Wasilewski

Na Revista Ideias:

Se a felicidade fosse lei, hoje estaria revogada por decreto. Ou talvez existisse um movimento pregando que felicidade incomoda, contagia e entorpece. Quem sabe uma religião nova, cobrando dízimos punitivos aos sorrisos.

Sofri ataque de uma só vez de um integralista, um fascista e um rapaz com discurso apocalíptico e raivoso. Plínio Salgado, Mussolini, o Duce, e o Cavaleiro do Apocalipse se perfilaram. Até parece que foi combinado. E eu pensava que já eram lendas, como o Saci Pererê, o Curupira e o Lubiski (que é o Lobisomem de Irati). Recebia mensagens.

O Integralista – Se irritou com um texto da jornalista Théa Tavares que eu havia publicado no meu blog. Disse que é de “péssimo caráter”, o que para mim é um megaelogio. Ficaria desesperada e me trancaria em um quarto escuro se a crítica viesse de uma pessoa bacana. Mas quando vem com um ANAUÊ junto, é claro que é risível.

O Fascista – Passou horas exigindo que voltasse atrás no meu comentário de que a polícia paulista garantiu uma manifestação neonazista no MASP e desceu o cassetete na Marcha da Liberdade. Era a da maconha, que trocou de nome depois de decisão judicial.

Pois bem, não entendo mesmo como podem autorizar e garantir a manifestação de pessoas que pregam a perseguição de negros, gays, nordestinos, judeus e tudo o mais que não os agrade.

O Cavaleiro do Apocalipse – Não vou reproduzir aqui nem uma palavra dele. Inclusive, acho que sofre de esquizofrenia. Não está sozinho nunca. Depois de passada a minha brabeza, me deu até pena. Como pode uma pessoa ter um texto tão raivoso. Apocalíptico mesmo.

Podem vir em fila. Sou a clássica baixinha e encrenqueira. Esse tsunami moralista não me dá caldo.
Desancar o Sarkozy e a Carla Bruni, o Michel e a Marcela Temer, só pode ser inveja de homens e mulheres. Homens gostariam de tê-las e as mulheres provavelmente nasceriam de novo para ter aqueles rostos e corpos. Diferença de idade? Golpismo? Afinal, de quem? Engraçado que o meu olhar tão crítico, de que tantos reclamam, não enxerga nada disso. Não me incomoda.

Poucas coisas me tiram do sério. Não sofro mais dos arroubos da paixão ideológica. Confesso que me diverti muito com o galinha verde, o camisa preta e com o maluco. O ideal é o equilíbrio ente tradição, família e propriedade, e sexo, drogas e rock n’roll.

O que tem me descompensado são as suásticas nos muros de Curitiba. Prestem atenção em como estão ocupando espaço. Isto sim é sinal do fim dos tempos. Tenho vontade de pegar uma lata de tinta branca e sair por aí apagando e pagando de doida. Não é possível achar normal o crescimento nazista.

A intolerância religiosa batendo na porta. Mais uma pergunta: alguém já recebeu a visita de um ateu tentando fazer negar a existência de Deus? Eu nunca. Mas em cada esquina e em cada ponto de ônibus tem alguém querendo me converter. E eu nem sei ao certo a que.

Já me sinto torrando em uma fogueira da inquisição. Claudia à pururuca. Credo! Quanto retrocesso.

O que eu quero é pensar livre/mente. A única vez que lembro ter sofrido censura foi em 1981, por conta de uma redação. Um rolo tão grande que acabei suspensa. O tema era A IMPORTÂNCIA DO JOVEM NA SOCIEDADE. Resumo da ópera. Disse que enquanto não existisse o voto aos 16 anos e eleição direta para presidente, não tínhamos importância alguma.
Se em 1981 me contassem que, em 2011, o que existe de mais preconceituoso e reacionário estaria com toda esta força, perguntaria se era maluco ou se estava em uma viagem de LSD. Ops, falei em LSD.