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Não ajudo quinta-coluna

por Fernando Moraes, em A Tarde

No documentário Conexão Cuba – Honduras, de Dado Galvão, a blogueira Yoani Sanchez fala da falta de liberdade de imprensa e livre expressão em Cuba. No entanto, ela tem conseguido uma grande projeção fora de seu país, conseguindo, de certa forma, pautar o “caso Cuba”, contando com colaboradores em diversos países.

O senhor acha que isso se deve a quê? O senhor afirmaria que há um “patrocínio” de governos dissidentes do governo cubano às ações da blogueira?

O blog dessa moça pode ser lido em 18 línguas diferentes. Quanto custa traduzir um blog para 18 línguas? De onde saem os recursos para isso? De anunciantes não veem. Correspondências enviadas a Washington pela Seção de Interesses dos Estados Unidos em Havana, divulgadas pelo Wikileaks, revelam que a blogueira mantém contatos regulares com a legação americana.

E até os albatrozes que sobrevoam o malecón de Havana sabem que o escritório de interesses dos EUA em Cuba é uma enorme e bem montada estação da CIA. Sabe-se agora que a alegada entrevista que a blogueira fez com o presidente Obama por internet, que lhe rendeu repercussão planetária, foi respondida pelos funcionários do escritório americano em Havana, e não pelo presidente.

Com certa regularidade os Estados Unidos inventam um novo personagem para envenenar as relações de Cuba com a opinião pública internacional.

Nos anos 80 fez muito sucesso o “poeta” (assim mesmo, entre aspas) Armando Valladares, que denunciava ao mundo ter ficado definitivamente paralítico em virtude de torturas sofridas em prisões cubanas. Colocado em liberdade a pedido do presidente francês François Mitterrand, Valladares causou espanto aos jornalistas que o esperavam no aeroporto de Paris, ao descer saltitante as escadas do avião, dispensando com a mão a cadeira de rodas que lhe era oferecida.