A imprensa e os profissionais da comunicação no Paraná entraram num viéis inimaginável até pouco tempo atrás. Pensem, senhores, que hoje em dia, falar bem de alguma ação do governo Roberto Requião (PMDB) virou motivo para levar broncas, ser alvo de cobranças e escrachos de toda ordem. Confiram a denúnci da colunista Ruth Bolognese, que ousou, teve a ‘desfaçatez’, a petulância de publicar em O Estado do Paraná um mínimo elogio ao governador, pelo programa de Transporte Escolar do Governo do Estado.
Elogio a Requião – Assumo: elogiei, sim, o fato do governador Roberto Requião (PMDB) ter comprado 1.100 ônibus escolares e nem liguei para o uso político que ele fez da compra. E vou continuar elogiando quem quer que use dinheiro público para o bem público, que é disso que o Brasil precisa. E mais: continuo achando uma besteira monumental o tal CQC da Rede Bandeirantes fazer da piada uma versão com humor do jornalismo sério. Não é. Por conta destas duas opiniões, passei a semana debaixo de desaforos e houve até leitor que veio com insinuações de que mudei de mala, cuia e neto recém-nascido para o palácio provisório das Araucárias.
Ora, ora, com 56 anos nas costas, uma vida inteira usando sabonete gessy e tingindo o cabelo em casa para não gastar dinheiro à toa e aí ter que me entregar para os bandidos, e agora me vêm com essa! O caminho mais fácil para um jornalista fazer nome e pousar de oposição aos governos, qualquer um deles, é partir para a crítica desenfreada. É tão tranquila esta postura que a gente nem precisa sair de casa.
A oposição nos entrega de mão beijada, e beijando nossas mãos, todos os números, os endereços e as fraudes, as informações mais escabrosas. E, a cada dia que passa, nossa boca fica mais torta porque a oposição nos saúda como os verdadeiros defensores da democracia e da independência profissional. Como diz o diabo, o pecado da vaidade é sempre o mais fácil de lidar e a linha que separa a independência profissional do porta voz da oposição, pura e simples, é teia de aranha, de tão fina.
É claro que o governo de Roberto Requião tem problemas a dar om pau, equívocos monumentais, é deficiente em inteligência e criatividade, carece de planejamento, segurança, emprega requiões demais, a emissora de televisão pública é utilizada como cachorrinho de coleira e, como se isso tudo não bastasse, tem um governador chamado Roberto, com sua conhecida serenidade e simpatia quase amor. É preciso fazer um grande esforço diário para não cansar o leitor de tanto contar as confusões palacianas e as artimanhas políticas que se repetem sem parar na capital paranaense.
Mas como não existe um governo totalmente ruim e nem totalmente bom, é recomendável buscar, sempre, a lucidez. E a lucidez está em reconhecer um benefício no meio de tanta aragem. A compra de 1.100 ônibus escolares é um benefício e, até prova em contrário, sem superfaturamento. Serviu como propaganda eleitoral para a campanha do governador ao Senado em 2010? Ora, mirem-se no exemplo da nova Lei Eleitoral, aprovada nesta semana pela Câmara Federal, senhores, onde um prefeito, ou um governador ou até um presidente da República pode permanecer no cargo de dia e sair para fazer campanha à noite, como todos eles sempre fizeram e vão continuar fazendo.
Me poupem!
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