O governo da petista Dilma Rousseff que no domingo, 15, protagonizou as críticas de quase três milhões de brasileiros no maior protesto contra uma gestão pública na história do País, conseguiu outra façanha ontem. Milhares de paraguaios em três centros de compras, Ciudad del Leste, Salto del Guayrá e Ponta Porã, foram às ruas repudiar medida recentemente anunciada pelo governo do PT. O comércio fechou as portas e com faixas e cartazes, empresários e trabalhadores engrossaram coro contra a redução da cota de compras terrestres de US$ 300 (R$ 1 mil) para US$ 150 (R$ 500). A medida valerá a partir de 1º de julho. As informações são d’O Paraná.
A manifestação em Ciudad del Leste, um dos três maiores centros de compras do mundo, contou com a participação de governadores, ministros e até do presidente paraguaio, Horácio Cartes. Nem a queda do palanque, que deixou quatro pessoas feridas, tirou o entusiasmo dos manifestantes. O movimento é apenas um de uma série de atitudes que líderes, empresários e trabalhadores adotarão na tentativa de sensibilizar o governo brasileiro a retroceder e, pelo menos, manter a cota no atual patamar. O governador de Alto Paraná, Lúcio Zacarias, informa que cerca de 40 mil postos de trabalho estão ameaçados com a medida.
Diálogo
Líderes do Brasil e Paraguai mantém, há semanas, diálogo para definir estratégias para convencer o governo de que a medida será prejudicial a toda a fronteira. O empresário Danilo Vendrúsculo, do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Foz do Iguaçu, entende que a redução da cota terá efeito grave nos empregos na região. O prefeito Reni Pereira (PSB) teme pelo aumento dos índices da criminalidade. “Poderá haver o enfraquecimento de relações importantes entre esses povos, parceiros no Mercosul”, diz.
O empresário Armando Nasser entende que o problema não está associado apenas à cota, mas sim a um conceito. “Não há cota em lugar nenhum do mundo, com exceção daqui. Em outros centros comerciais, os turistas viajam e compram itens pessoais”, observa, ressaltando que contrabandista não respeita cota, independentemente de quanto seja o valor. Para o presidente do Conselho de Turismo de Foz do Iguaçu, Paulo Angeli, a redução do valor de compras vai ter reflexos sim, porém não acabará com o comércio no Paraguai. “Mais dos que virão, até para fazer a viagem compensar, poderão ser seduzidos a simplesmente desrespeitar esse limite”.
Audiência
Outra ação já definida é a realização de audiências, de líderes paraguaios e brasileiros, dia 24 de março, em Brasília. A finalidade será mostrar os reflexos que a medida trará e sugerir a equiparação da cota terrestre à área, de US$ 500 (R$ 1,7 mil). Com as lojas fechadas e manifestantes nas ruas, quem tinha outros compromissos ontem no Paraguai precisou ter paciência. Ruas e avenidas foram fechadas e o tráfego foi comprometido.
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