Carlos Chagas
Conselhos, Dilma não aceitava sequer de Leonel Brizola, mesmo tendo sido fundadora do PDT. De lá para cá, aumentaram sua presunção e arrogância, exceção aberta apenas para o Lula, e, mesmo assim, sem cumprir a maior parte das recomendações que tem recebido.
Dessa forma, são diminutas as possibilidades de a presidente seguir a mais preciosa das sugestões a ela feitas em meio à violenta crise de credibilidade que afeta seu governo. Coube ao senador Pedro Simon, da tribuna, propor a Dilma seguir o exemplo de Itamar Franco, talvez o único presidente da Nova República a ostentar imagem aceita pela maioria da população.
Deveria a chefe do governo, enquanto há tempo, reunir os presidentes de todos os partidos, mesmo os de aluguel, expondo-lhes a necessidade de uma política comum de salvação nacional. Ainda que boa parte dos dirigentes partidários seja olhada de viés pela opinião pública, o conjunto supriria as deficiências de cada parte. A pauta seria a composição de um ministério onde os partidos abririam mão de seus feudos e apoiariam, fora do fisiologismo em voga, uma equipe selecionada entre os melhores de cada setor. Mesmo que nenhum deles pertencesse a partidos ou grupos partidários.
Concluiu o senador gaúcho que o Congresso daria respaldo a um amplo programa de recuperação econômica e política, dada a premência com que se torna imprescindível mudar as instituições para evitar a desagregação nacional. Seria impossível negar apoio a um plano situado acima e além das querelas políticas e partidárias de hoje.
No dia de São Nunca
Querem saber quando a presidente Dilma adotará essa estratégia? Nem no dia em que o Sargento Garcia prender o Zorro. Menos por sua subordinação ao Lula, mais pela sua personalidade singular de dona de todas as verdades absolutas.
Pedro Simon não perdeu seu tempo ao propor uma saída para a crise que nos assola. Afinal, está encerrando uma carreira de 32 anos no Senado, depois de haver sido ministro, líder de governo e governador do Rio Grande do Sul. Foi, e continua sendo, antes de tudo, um dos pilares em que se assentou a reconstrução da democracia no país, bem como um arauto, raras vezes ouvido, de soluções éticas para rompermos o cipoal em que sucessivos governos, depois de Itamar Franco, nos aprisionaram.
Volta aos pampas, mas com uma agenda de fazer inveja: vai atender às centenas de convites recebidos para falar aos jovens, nas universidades e sucedâneos, demonstrando que apesar dos percalços, o Brasil tem saída. Pelo menos, há quem se anime a apontá-la.
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