Despacho ressalta que a dose da vacina indiana foi negociada por US$ 15 (aproximadamente R$ 75), preço superior ao da negociação de outros inoculantes contra a COVID-19.
O Ministério Público Federal (MPF) identificou indícios de crime na compra feita pelo Ministério da Saúde de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin e abriu uma investigação preliminar para avaliar se houve crime no contrato firmado entre o Ministério da Saúde e a empresa Precisa Medicamentos, que representa o laboratório indiano Bharat Biotech, no valor de R$ 1,6 bilhão.
“A omissão de atitudes corretivas da execução do contrato, somada ao histórico de irregularidades que pesa sobre os sócios da empresa Precisa e ao preço elevado pago pelas doses contratadas, em comparação com as demais, torna a situação carecedora de apuração aprofundada, sob duplo aspecto cível e criminal uma vez que, a princípio, não se justifica a temeridade do risco assumido pelo Ministério da Saúde com essa contratação, a não ser para atender a interesses divorciados do interesse público”, lê-se no despacho da procuradora da República Luciana Loureiro, citado pelo jornal O Globo nesta terça-feira (22).
Ainda de acordo com o despacho, cada dose da Covaxin foi negociada por US$ 15 (R$ 75), “preço superior ao da negociação de outras vacinas no mercado internacional, a exemplo da vacina da Pfizer”.
Senadores durante a CPI da Covid, Brasília, 15 de junho de 2021
CPI da Covid
A negociação também está sendo investigada pela CPI da Covid do Senado Federal. Na sessão de quarta-feira (23), Francisco Emerson Maximiano, sócio da Precisa, prestará depoimento.
“Para a Pfizer não havia nem resposta. Qual era o negócio com a Covaxin? Amanhã (23 de junho) iremos receber na CPI o senhor Francisco Emerson Maximiano, da Precisa Medicamentos, empresa investigada por intermediar a compra da Covaxin pelo governo”, disse o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Em um depoimento que foi encaminhado para a CPI, citado por Randolfe Rodrigues nesta terça-feira (22), um servidor do Ministério da Saúde relatou ter sofrido “pressões anormais” por meio de mensagens de texto, e-mails, telefonemas e pedidos de reuniões para superar entraves na compra da vacina indiana.
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