Da Gazeta do Povo:
O fundador da Apple, Steve Jobs, 56 anos, morreu ontem nos Estados Unidos. O executivo, que sofria de câncer, se afastou da empresa em agosto. Ele ocupava a presidência-executiva da Apple desde 1997.
Jobs passou por um transplante de fígado há dois anos e, em 2004, descobriu que tinha uma forma rara de câncer no pâncreas. Nas suas raras aparições neste ano, como no lançamento do iPad 2, em março, ele pareceu ainda mais magro que o normal. Em agosto, disse, em sua despedida: “Sempre disse que, se chegasse o dia em que não poderia mais cumprir meus deveres e expectativas, eu seria o primeiro a avisá-los. Infelizmente esse dia chegou.”
Steve Jobs era considerado o grande responsável pela ascensão da Apple do posto de empresa combalida ao status de companhia com maior valor de mercado do mundo.
Desde que reassumiu o comando da empresa em 1997 – cargo do qual havia sido destituído dois anos antes – Jobs elevou o valor das ações da Apple de um patamar de US$ 5 para mais de US$ 370. Como comparação, a Microsoft, que na volta de Jobs à Apple era a líder em tecnologia, vale hoje US$ 209 bilhões, cerca de US$ 140 bilhões menos que a rival.
Sob sua gestão, a companhia foi responsável por revoluções nos mercados de música, telefonia celular e computadores. Os equipamentos com prefixo “i”, que na pronúncia em inglês significa “eu”, tornaram-se objetos de desejo dos consumidores e sinônimo de ameaça para os concorrentes.
Considerado um gênio por muitos, Jobs criou uma certa dependência da Apple com relação à sua imagem. Por causa disso, desde que começou a lutar contra um tipo raro de câncer, surgiram questões sobre o futuro da companhia sem ele. No comunicado em que anunciou sua saída da companhia, em agosto, Jobs nomeou Tim Cook, responsável pela operação diária da companhia, para o cargo de executivo-chefe.
Homenagem
Ontem à noite, na página de abertura do site da Apple, lia-se parte do e-mail que Cook enviou aos funcionários: “A Apple perdeu um visionário e um gênio criativo, e o mundo perdeu um incrível ser humano. Aqueles de nós que tiveram a felicidade de trabalhar com Steve e conhecê-lo de perto perderam um amigo querido e um mentor inspirado. Steve deixa para trás uma companhia que só ele poderia ter construído, e seu espírito continuará para sempre o pilar da Apple.”
“Não há palavras para expressar adequadamente nossa tristeza diante da morte de Steve nem nossa gratidão pela oportunidade de trabalhar com ele. Honraremos sua memória dedicando-nos a dar continuidade ao trabalho que ele tanto amava”, escreveu Cook no trecho final de seu comunicado.
A empresa conclamou qualquer um que deseje compartilhar pensamentos, lembranças e condolências a Jobs para que envie um e-mail para [email protected].
Início da vida foi marcado pela adoção
Idolatrado por sua horda de seguidores e odiado por alguns que o conheceram mais de perto, Steve Jobs teve um início de vida marcante. Filho da universitária norte-americana Joanne Simpson e do professor dela, o sírio Abdulfattah John Jandali, foi destinado à adoção antes mesmo de nascer.
Seus pais não tinham dinheiro para criar o bebê. A criança nasceu em 24 de fevereiro de 1955 e foi encaminhada ao primeiro casal da lista de espera para adoção. Só que este casal mudou de ideia — queria uma menina —, e o segundo casal foi chamado: Paul e Clara Jobs, hoje já falecidos.
Mas o segundo casal não tinha o grau desejado pelos pais biológicos e só conseguiu adotar o menino após prometer que ele se formaria numa universidade. Promessa que, no fim das contas, nunca foi cumprida.
Hoje, a mãe biológica de Steve Jobs tem 79 anos e é uma renomada patologista, enquanto o pai tem 80 e é vice-presidente de um cassino em Reno, Nevada. Em 2011, Jandali, que só poucos anos antes ficara sabendo que Jobs era seu filho, disse que desejava conhecê-lo “antes que fosse tarde” e que se arrependia de tê-lo abandonado. Jandali disse que se manteve distante, pois seu “orgulho sírio” o impedia de procurá-lo, com medo de ser acusado de estar interessado em sua fortuna.
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