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Moro intima Bumlai para depor na Lava Jato nesta quarta-feira, 25

Moro intima Bumlai para depor na Lava Jato quarta, 25

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato, marcou o interrogatório do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quarta-feira, 25. Bumlai é acusado de corrupção e gestão fraudulenta (Lei do Colarinho Branco). O pecuarista é o principal protagonista do polêmico empréstimo de R$ 12 milhões tomado junto ao Banco Schahin, que teve como destinatário final o PT, em outubro de 2004. As informações são de Julia Affonso, Mateus Coutinho e Ricardo Brandt no Estadão.

Inicialmente, a audiência estava marcada para 7 de maio, mas foi remarcada para 25 porque o pecuarista está com problemas de saúde. A defesa anexou relatório médico informando Moro que Bumlai foi submetido a uma cirurgia de revascularização do miocárdio, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em 21 de abril, com previsão de alta em 5 de maio, e com recomendação médica de repouso por 7 dias, após a alta.

O depoimento de Bumlai é aguardado em meio a muita expectativa. Ele é amigo de Lula desde 2002, quando foram apresentados. Segundo o ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT/MS), o petista teria participado da ‘compra do silêncio’ do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró (Internacional) que estava fechando acordo de delação premiada, em novembro de 2015. Delcídio afirmou que Lula estava ‘preocupado’ com a possibilidade de Cerveró delatar o amigo.

A acusação contra Bumlai se restringe ao episódio do Banco Schahin, mas existe sempre a posibilidade de o amigo de Lula falar sobre outros temas.

Ao examinar o pedido da defesa para adiar a audiência, o juiz Moro anotou.”Requer, assim, seja redesignado o seu interrogatório (de Bumlai), previsto para ocorrer no dia 7 de maio de 2016 nos autos da ação penal, para data posterior a 17 de maio de 2016. Redesigno o interrogatório de José Carlos Bumlai na ação penal para o dia 25 de maio de 2016, às 14 horas, a fim de viabilizar a completa recuperação dele para o ato.”

Para a mesma data e horário foi marcado também o interrogatório de Maurício de Barros Bumlai, filho do pecuarista. Como o pai, Maurício é acusado na ação.

Bumlai, de 71 anos, está preso desde 24 de novembro de 2015, alvo da Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato. Em março deste ano, Sérgio Moro autorizou prisão domiciliar por três meses – monitorado com tornozeleira eletrônica -, para que Bumlai tratasse um câncer na bexiga.

Na mesma ação, além do amigo de Lula, são réus o clã Schahin – os irmãos Salim e Milton Schahin e Fernando Schahin -, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, os ex-diretores da área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró e Jorge Zelada, o ex-gerente executivo da estatal Eduardo Musa, o lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, e a nora do pecuarista, Cristiane Dodero Bumlai.

Segundo a acusação do Ministério Público Federal, o Banco Schahin concedeu, em 14 de outubro de 2004, empréstimo de R$ 12.176.850,80 a Bumlai. “O empréstimo teria como destinatário real o Partido dos Trabalhadores, tendo José Carlos Bumlai sido utilizado somente como pessoa interposta.”

O empréstimo, com vencimento previsto para 3 de novembro de 2005, não foi pago e nem possuía garantia. Foi ele sucessivamente aditado. Ao final de 2015, foram concedidos pelo Banco Schahin empréstimos de R$ 18.204.036,81 a AgroCaieras, empresa constituída por Bumlai para quitar o empréstimo.

Em 28 de março de 2007, o Banco Schahin cedeu o crédito, no montante de R$ 21.267.675,99 à Schahin Securitizadora de Crédito. A divída, sem que tivesse havido qualquer pagamento até então, foi quitada em 27 de janeiro de 2009, mediante contrato de transação, liquidação e dação em pagamento de embriões de gado bovino por Bumlai para empresas do Grupo Schahin.

Segundo a Procuradoria da República, a verdadeira causa para a quitação da dívida seria a contratação da Schahin pela Petrobrás para operação do navio-sonda Vitoria 10.000, ao preço de US$ 1,6 bilhão em 28 de janeiro de 2009, ‘com memorando de entendimento entre a Petrobrás e a Schahin tendo se iniciado em 2007′.

O contrato da Petrobrás com a Schahin foi celebrado pelo prazo de dez anos, prorrogáveis por mais dez anos, com valor mensal de pagamento de US$ 6.333.365,91 e valor global de pagamento de US$ 1,562 bilhão.