O Ministério Público Federal (MPF) pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) o exame global de todos os contratos de concessão e arrendamento que envolvam o transporte ferroviário da América Latina Logística(ALL), além da análise dos financiamentos públicos concedidos à empresa, especialmente os contratados com o BNDES, com a verificação dos valores, da legalidade, das garantias concedidas e do cumprimento delas.
O pedido faz parte de uma representação sobre a dilapidação do patrimônio da extinta Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA) pelas concessionárias do serviço público de transporte ferroviário de cargas. A RFFSA foi incluída no Plano Nacional de Desestatização em 1992. As 12 superintendências regionais da rede foram divididas em seis malhas ferroviárias, a serem oferecidas à iniciativa privada por meio de licitação na modalidade leilão.
Na representação, o MPF também pede ao TCU que analise o quantitativo de bens móveis e imóveis arrendados devolvidos pela ALL e efetivamente recebidos pela extinta RFFSA ou pelo DNIT, além da apuração dos valores arbitrados decorrentes da depreciação dos bens devolvidos, bem como se houve o efetivo pagamento pela concessionária.
A ideia do MPF é também solicitar a análise dos contratos das demais concessionárias. O foco inicial foi nos contratos da União com a ALL porque esta é a empresa que possui a concessão da maior parte da malha ferroviária brasileira.
A representação também solicita que o TCU adote medidas que assegurem ações efetivas do governo federal para melhorar o setor ferroviário no país. Na ação, o MPF pede a apuração da ausência de fiscalização e aplicação de penalidades pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) às concessionárias, além da análise das providências tomadas pela agência em relação aos trechos ferroviários abandonados.
O MPF também sugere ao Ministério do Transportes o exame sobre a conveniência de se abreviar a revisão do marco regulatório do transporte ferroviário, de modo a encontrar soluções mais eficientes para o setor.
Segundo o MPF, dos 28 mil quilômetros de estradas de ferro entregues pelo Estado à iniciativa privada, cerca de 16 mil quilômetros foram abandonados unilateralmente pelas concessionárias, em ofensa à legislação e aos contratos de concessão. “O prejuízo ao Erário é estimado em mais de R$ 40 bilhões”, diz o MPF em nota.
A Rede Ferroviária Federal S.A (RFFSA) foi incluída no Plano Nacional de Desestatização em 1992. As 12 superintendências regionais da RFFSA foram divididas em seis malhas ferroviárias, a serem oferecidas à iniciativa privada por meio de licitação na modalidade leilão.
“À época, a situação das malhas a serem privatizadas era de precariedade financeira, quadro de pessoal superdimensionado e deterioração de seus operacionais”, diz o MPF, acrescentando que as obrigações e metas estabelecidas pelo governo às concessionárias eram aumentar o volume do transporte ferroviário e reduzir o número de acidentes.
Para os procuradores da República, a situação se agrava devido à omissão do governo federal, que não tem cumprido devidamente sua tarefa de regulação e fiscalização. De acordo com a representação, na falta de efetivo controle, as concessionárias se apropriam do transporte ferroviário de carga e fazem suas escolhas livremente, segundo os seus interesses econômicos. Ainda de acordo com a representação, “o quadro é de genuína captura, em que o interesse privado predomina sobre o interesse público”.
Na ação, o MPF denuncia que, apesar de a ANTT divulgar estatísticas de produtividade e de redução do número de acidentes que superam as metas estabelecidas, a realidade é totalmente diversa.
“Atualmente, o serviço público de transporte de cargas está sob controle único e exclusivo da iniciativa privada. O modal ferroviário passou a ser um negócio que funciona exclusivamente para atender interesses econômicos de grandes corporações econômicas, isto é, para atender o escoamento de seus produtos”, diz a representação.
Os procuradores da República que assinam a representação fazem parte do Grupo de Trabalho Transportes, criado pela 3ª Câmara de Coordenação e Revisão (3ª CCR) do MPF, que atua na defesa dos direitos do consumidor e na proteção da ordem econômica. (Via Agência Estado)
Arremataram a concessão e aluguel dos bens por preço vil, mamaram nas tetas do BNDES recebendo dinheiro público em várias operações inclusive importação de locomotivas velhas, fecharam mais de 10.000 km de ramais isolando pequenos e médios clientes do transporte ferroviario, cortaram a maçarico locomotivas e vagões do patrimonio público pra vender o ferro pra siderúrgica em busca de receitas, deixaram de fazer a manutenção necessária nas linhas férreas, desmontaram trilhos e deram fim indevidamente e tantas outras barbaridades. Só os agentes fiscalizadores não querem ver. Uma lástima a atuação da iniciativa privada com a conivencia do poder público! Agora o que sobrou das cinzas do sistema ferroviário vai ficar com os novos acionistas da ALL que são BNDESPAR e Fundos de Pensão de empresas estatais/funcionários públicos. Como já aconteceu outras vezes no Brasil, inclusive nas ferrovias daqui, o setor público vai intervir pra salvar o que o setor privado explorou até deixar no osso.