O prefeito Leonaldo Paranhos (PSC) conversou com o Blog do Esmael e fez uma espécie de balanço das ações municipais e como está enfrentando a pandemia. Em primeiro momento, Paranhos ficou 72 dias direto no seu gabinete na prefeitura. “A minha vinda para o gabinete se dá dentro daquele estudo que eu estava falando. O momento de uma pandemia, de uma guerra, de uma catástrofe, é para que eu possa me isolar no gabinete para ter a liberdade de tomar as medidas sem a contaminação de interesses pessoais”, disse.
“Eu acredito que o enfrentamento à pandemia deve ser feito para todo o país com medidas iguais para todos. É preciso prioridade, dar a condição para que o cidadão fique em casa desde que haja uma ferramenta de sobrevivência. Neste momento não há outra prioridade do que a gente sobreviver, quando falo sobreviver é sobre o ataque do vírus, vírus econômico e social, eu acho que nosso grande problema foi não ter esse plano nacional”, reafirmou.
“Enfrentar a pandemia não é só responsabilidade do poder público, tudo o que foi possível fazer, nós fazemos, em 2017 investimos em saúde pública, tínhamos 27 equipes de PSF (programa de saúde da família), hoje temos 51. E já chegamos a uma cobertura de 90% da atenção básica. Compramos um hospital e fizemos a ampliação nas três Upas, isso deu uma musculatura muito grande, teríamos muito mais problemas se não tivéssemos feito esse investimento”, adiantou.
Leia a seguir os trechos da entrevista.
Qual sua impressão do trabalho da prefeitura em relação a pandemia?
Paranhos – É muito difícil para todos nós porque o vírus pega todos de surpresa. A nossa geração nunca passou por um desafio tão grande. Graças a Deus, temos um sistema como o SUS, estamos atendendo inclusive pacientes do sistema privado, tivemos um aumento significativo de leitos porque tínhamos um déficit comparado com outras regiões. Enfrentar a pandemia não é só responsabilidade do poder público, tudo o que foi possível fazer, nós fazemos, em 2017 investimos em saúde pública, tínhamos 27 equipes de PSF (programa de saúde da família), hoje temos 51. E já chegamos a uma cobertura de 90% da atenção básica. Compramos um hospital e fizemos a ampliação nas três Upas, isso deu uma musculatura muito grande, teríamos muito mais problemas se não tivéssemos feito esse investimento.
Cascavel é a 11ª melhor cidade do país segundo o site da prefeitura, no caso do auxílio emergencial que foi cortado teve impacto na cidade?
Paranhos – Tem um impacto, porque de fato vivemos num momento de muitas perdas, temos um grupo que nunca precisou de recursos, das ações do poder público e por causa da pandemia teve que se valer desses recursos. Temos um DNA produtivo, mas há o impacto. Nos países de primeiro mundo, tem a questão primeira de garantir a renda e daí então tomar medidas, isolar. Essa questão do lockdown é preciso estar ancorada a outras medidas porque apesar do medo , as pessoas precisam trabalhar, precisam viver. Nós tivemos dificuldades, não tínhamos um plano de combate ao coronavírus e ficou um salve-se quem puder, então teve reflexo sim, quando há um plano nacional para que se tenha uma resistência, para o empregado e paras empresas, as coisas são mais fáceis, mas não foi o que aconteceu no país.
O presidente não usando máscara, isso não acaba jogando contra os esforços do município?
Paranhos – Esses dias, eu estava prestando conta como gestor do município, tenho tentado ser muito isento nas posições que outras instâncias têm tomado, fiquei morando no gabinete por 72 dias, a OMS faz uma recomendação que é preciso se isolar, para que possa tomar decisões sem contaminações de interesses e fala também que não se pode trazer mais problemas com a decisão que você vai tomar. Então, a liderança é isso, precisa absorver e recomendar o que é de interesse horizontal. A ideologia e seus pensamentos pessoais trazem conflitos.
Como foi essa experiência de se isolar por 72 dias?
Paranhos – A minha vinda para o gabinete se dá dentro daquele estudo que eu estava falando. O momento de uma pandemia, de uma guerra, de uma catástrofe, é para que eu possa me isolar no gabinete para ter a liberdade de tomar as medidas sem a contaminação de interesses pessoais. Você tem que falar com quem você precisa falar. Tomar medidas é necessário ter um planejamento e foi o que fizemos. Criamos três pilares de enfrentamento à pandemia. Um, salvar o maior número de vidas possíveis, o número dois, não deixar que o sistema de saúde entrasse em colapso e o terceiro pilar, a retomada economia.
Como líder, você tem que pensar na cidade e nas suas necessidades. Foi de muita válida a minha presença no gabinete durante esses dias. Nesse período, montamos hospital de retaguarda, dois hospitais contínuos, como montamos também o hospital de campanha doado pelos empresários. Isso tudo, deu muito resultado, temos hoje a menor taxa de letalidade das 10 maiores cidades e temos o maior orgulho das pessoas recuperadas também, mas a pandemia a qualquer momento pode mudar esses números.
Enquanto o estado fala em retomar as aulas presenciais, a Assembleia Legislativa está tomando medidas restritivas, isso não gera confusão para o cidadão?
Paranhos – Eu acredito que o enfrentamento à pandemia deve ser feito para todo o país com medidas iguais para todos. É preciso prioridade, dar a condição para que o cidadão fique em casa desde que haja uma ferramenta de sobrevivência. Neste momento não há outra prioridade do que a gente sobreviver, quando falo sobreviver é sobre o ataque do vírus, vírus econômico e social, eu acho que nosso grande problema foi não ter esse plano nacional.
Em relação à terceira onda, a cepa indiana, segundo informações é mais traiçoeira, Cascavel está preparada?
Paranhos – No momento muito forte que foi a segunda onda, Cascavel foi um dos primeiros municípios a enfrentar e vimos quase um colapso total na questão da infraestrutura pública e privada de saúde. Nós não temos como aumentar a infraestrutura, estamos no nosso limite. Agora que estamos há mais de um ano de pandemia, hoje ninguém mais tem nenhum tipo de deficiência de informação, sabemos que o que é perigoso, é letal, o meu pedido é de a gente tenha maturidade, autorizamos o funcionamento parcial dos restaurantes, dos mercados por 24 horas para não sobrecarregar o horário de pico, mas há grupos que insistem nas aglomerações e não querem colaborar. Então, neste momento vamos radicalizar contra esses excessos.
Se o presidente aparecesse hoje em Cascavel, você deixaria ele se aglomerar?
Paranhos – Ele é o presidente da República, mas enquanto líderes temos que saber que nossas atitudes têm reflexo. Todo corpo técnico recomenda o cumprimento de medidas sanitárias . Eu não tenho entrado em conflito direto com outras instâncias que eu tenho que negociar, à distância, na tentativa de trazer benefícios para cidade, mas eu tenho que me comportar no sentido de dar exemplo daquilo que me recomendam a minha equipe sanitária.
Você quer voltar para a Assembleia Legislativa com a Câmara Federal?
Paranhos – Eu tenho que cumprir meu mandato, nós tivemos um percentual de voto muito grande e a gente tem o planejamento que vai até 2024. Nós fizemos 300 km de estradas rurais ,Cascavel tem 70 anos de existência e tínhamos somente 40 km de pavimentação no campo, encontramos 23 obras paradas e hoje não temos nenhuma, fizemos grande aeroporto. Eu estou dizendo isso no sentido de dizer que é o momento que o município vive no ápice de sua maturidade, então recomendado é que eu cumpra uma data de 2024 para que de fato, eu consiga deixar uma cidade melhor do que eu encontrei.
Mensagem final
Paranhos – Ficamos em primeiro lugar na geração de empregos no Paraná e apesar do momento muito frágil, é momento de união. Não é momento de conflito, de exposição de pensamentos individuais, não se combate uma pandemia se for sem ter um conjunto de ações de interesses coletivos, disputas partidárias e ideológicas atrapalham muito neste momento. É um momento de união nacional, de responsabilidade social que teremos reflexos profundos, teremos uma crise ainda depois do coronavírus, as sequelas de saúde por incrível que pareça, temos milhares milhões de pessoas em todo o Brasil que deixaram de fazer seus atendimentos, estamos represados com as cirurgias eletivas, precisamos ter paz governamental para que a gente precisa atender o desespero das pessoas. Essa é a minha recomendação: se você não tem nada a contribuir, seu silêncio é uma contribuição e quem tem para contribuir, expresse de forma clara e consciente.
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