Calculada por pesquisadores da Unila, a média móvel de casos ativos de Covid-19 mostra uma queda acentuada a partir do dia 20 de julho, saindo de 661 casos para 256, registrados em 6 de agosto. O gráfico está disponível no Painel Covid-19, que traz informações a respeito da doença em Foz do Iguaçu.
A média móvel é uma média calculada a partir de medidas sequenciais. Por ser uma média, ela tem uma vantagem importante que é diluir eventuais “pontos fora da curva” em uma série, i.e. valores excepcionalmente altos ou baixos.
Apesar da queda expressiva, a população deve continuar com os cuidados “Tem ainda um tempo pra fazer a lição de casa bem direitinho. O que dá para fazer neste momento é planejar, para um futuro de médio prazo, um pouco mais de liberdade, principalmente com esses acenos positivos das vacinas. Pelo menos, dá pra gente começar a sonhar.” comenta a médica e infectologista e docente da Unila, Flávia Trench.
Para Flávia, vários fatores colaboraram para “o milagre da curva”. Além do isolamento social, imposto pelo governo do Estado de 1º a 14 de julho, e os bloqueios localizados, ela aponta, principalmente, a sazonalidade do vírus e o esgotamento de suscetíveis – pessoas que ainda podem ser infectadas.
A médica lembra que as doenças respiratórias são mais prevalentes no inverno e que o coronavírus, embora tenha um comportamento diferente de outros vírus respiratórios, teve ação mais acentuada também no período do outono e, agora, no inverno. “Outra questão que eu acho que tem um peso interessante é o esgotamento dos suscetíveis. O último inquérito sorológico [de julho] apontou que 37% dos pesquisados haviam tido exposição ao vírus, mesmo sem desenvolver a doença. O vírus já não vai ter mais 100% da população disponível para saltar [de uma pessoa para outra] porque alguns já vão ter uma certa imunidade”, explica.
Imunidade de rebanho
O inquérito sorológico é realizado pela Prefeitura em parceria com um grupo de pesquisadores da Unila que desenvolveu um teste com a metodologia Elisa (do inglês Enzyme-Linked Immunosorbent Assay).
A próxima rodada de testes deve ser feita em até duas semanas. O coordenador do trabalho, Kelvinson Viana, docente da Unila, explica que a expectativa era que o índice dos que já tiveram contato com o vírus estivesse em 50%, mas os testes indicaram um leve aumento – em junho, o índice era de 35% e, em julho, 37%.
“Isso pode indicar que a cidade pode ter adquirido a chamada imunidade de rebanho sem atingir 50% ou 60% de pessoas que já teriam entrado em contato com o vírus. Alguns estudos têm mostrado que a imunidade de rebanho pode ser conseguida com taxas de infecção entre 20% e 30%. Pode ser o nosso caso, uma vez que o número de casos ativos está diminuindo”, destaca Viana.
“Com o novo inquérito, nas próximas semanas, certamente vamos ter como verificar se é realmente isto que está acontecendo na cidade, associado ao acompanhamento dos casos ativos”, Acrescentou.
Bom trabalho
Para a Infectologista, o momento é de comemorar o “bom serviço”, mas com cuidado. “Quando a gente olha para outros municípios da região ou de fora do Estado, e que tenham características semelhantes às nossas, nós temos uma campanha muito exitosa”, avalia.
Trench aponta que a estratégia adotada por Foz do Iguaçu, não esteve baseada numa única ação. Ela compara o Paraguai, que apostou no lockdown de longo tempo. “Em algum momento era o que era possível fazer, mas a gente sente que poderiam ter avançado um pouco além disso. Eu olho com um pouco de receio, porque em algum momento eles vão ter que se abrir e talvez tenham de enfrentar tudo aquilo que a gente passou, mas sem todo o aporte de recursos e de estratégias que tivemos. ”
Acesso ao gráfico interativo: https://portal.unila.edu.br/informes-coronavirus/media-movel-e-histograma-de-casos
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