Por André Gonçalves, na Gazeta do Povo:
Em conflito com a direção nacional do PV desde o ano passado, a ex-senadora Marina Silva estipulou prazo de uma semana para definir se permanece no partido. Será a última tentativa de promover reformas estruturais na legenda, criticada por ela pela falta de democracia. A onda de mudanças já começou no Paraná, onde a sigla tem novo diretório estadual desde a última sexta-feira.
Terceira colocada na eleição presidencial de 2010, Marina deve arrastar outros militantes históricos para fora do partido, como o ex-deputado federal Fernando Gabeira. O alvo da dissidência é o atual presidente do PV, José Luiz Penna, no cargo há 12 anos. Entre as principais exigências para evitar a debandada, estão a realização de uma convenção para a escolha de um novo conselho nacional e o poder de voto a todos os filiados em escolhas de diretórios municipais.
Havia a expectativa de que Marina anunciasse hoje a decisão de deixar a legenda. Na quinta-feira, no entanto, ela embarca para a Alemanha, onde participa do congresso mundial de partidos verdes. Caso decida mesmo sair, Marina deve participar da fundação de uma nova sigla, também voltada à questão da sustentabilidade ambiental, mas que só deve estar pronta para participar das eleições de 2014.
Apesar do clima de pessimismo nas negociações nacionais, os “marineiros” foram vitoriosos nas mudanças que ocorreram no Paraná. “A Marina está com a gente desde o início porque nós também queremos democracia interna”, diz a nova presidente do partido no estado, a deputada federal Rosane Ferreira. Ela assumiu o lugar de Antônio Jorge de Mello Viana, no cargo desde 2005, mas que mantinha o controle do partido há mais de uma década.
A nova chapa também tem dois novos vice-presidentes, o vereador de Curitiba Paulo Salamuni e o deputado estadual Rasca Rodrigues. O deputado estadual Roberto Acioli é o novo secretário de comunicação. Henor Reis, membro da executiva nacional, fica como secretário de Finanças e Francisco Caetano Martim permanece como secretário-geral.
“O partido tem de aprender a conviver com detentores de mandato para crescer”, avalia Salamuni. Ele diz que a nova fase não é de “caça às bruxas”, mas de reestruturação do partido no Paraná. O PV elegeu nas eleições de 2008 e 2010 três prefeitos, cinco vice-prefeitos, 34 vereadores (três deles na capital), dois deputados estaduais e uma deputada federal.
“Queremos mudar esse perfil cartorário do partido, das decisões à base da canetada”, diz Rosane. Atualmente, todos os diretórios estaduais e municipais do partido são formados por comissões provisórias, escolhidas pela executiva nacional sem consultas locais. Ela explicou que o novo diretório paranaense tem validade até o final do ano.
As reformas precisam atingir o estatuto nacional do PV, que possui uma série de dispositivos que inibem a democracia interna. Para um diretório estadual ter direito a ser escolhido por votação, por exemplo, o partido precisa ter alcançado 5% dos votos na eleição para a Câmara dos Deputados. No Paraná, a porcentagem alcançada no ano passado foi de 4,9%.
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