Os protestos atuais estão sendo chamados de Março Paraguaio 2021. Foto: Cesar Olmedo/Reuters
A noite de sexta-feira (5) em Assunção foi marcada por confrontos nas ruas entre policiais e manifestantes, que pedem a saída do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, por conta da má gestão da pandemia.
Os protestos atuais estão sendo chamados de Março Paraguaio 2021. Em 2017, neste mesmo mês, manifestantes incendiaram o Congresso, em meio a um protesto contra a aprovação da reeleição presidencial.
O Paraguai vive seu pior momento da crise sanitária, com falta de insumos em hospitais, recorde de novos casos de Covid e vacinação lenta.
Durante o dia, houve protestos em Ciudad del Este e em Assunção. O ato na capital, perto do Congresso, começou por volta das 18h (a mesma de Brasília). A confusão teve início perto das 20h, quando policiais começaram a reprimir os manifestantes.
Forças de segurança dispararam balas de borracha e bombas de gás em manifestantes que se reuniam perto do Congresso. Os ativistas derrubaram barreiras de segurança, construíram barricadas e tacaram pedras nos agentes.
O confronto se espalhou pelas ruas do centro da cidade e deixou mais de 20 feridos, entre manifestantes e policiais. Em alguns locais, os agentes agitaram panos brancos para pedir que os ativistas se acalmassem.
Após a confusão, parte dos manifestantes foi até a sede da Polícia Nacional exigir falar com o comandante da força, para saber quem deu a ordem para que os agentes os atacassem.
Os atos nas ruas ganharam força mesmo após a saída do ministro da Saúde, Julio Mazzoleni, nesta sexta (5). Ele deixou o cargo após o Senado aprovar uma resolução que pedia seu afastamento. Sua gestão foi criticada por conta da falta de insumos nos hospitais, a demora na chegada de vacinas e por casos de corrupção que não foram punidos.
Segundo o governo paraguaio, há quase 300 pacientes de Covid em UTIs. Até quinta, o país somava 164 mil casos da doença e 3.256 mortes desde o começo da crise sanitária.
Nos últimos dias, a média de casos ficou em 115 a cada 100 mil pessoas. O país vacinou menos de 0,1% da população, de cerca de 7 milhões de habitantes.
O presidente Abdo Benítez tomou posse em 2018 e desde então boa parte da população demonstra descontentamento com sua gestão. Um ano depois de eleito, Abdo escapou de um processo de impeachment, motivado pela revelação de um acordo secreto entre Brasil e Paraguai sobre a energia gerada em Itaipu, que foi considerado prejudicial aos paraguaios. O termo acabou sendo cancelado.
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