Com marketing expressivo, as operadoras de telefonia (móvel ou fixa), vendem um pacote de ilusões. Enganam os brasileiros com sofisticadas campanhas publicitárias e invadem o consciente coletivo pelos meios de comunicação. Promovem comerciais atrativos para aguçar o desejo das massas com promessas de planos e preços especiais.
Da propaganda para a vida real, há um enorme abismo. Essa distância entre o animado comercial – desde os extravagantes “Blues” da TIM ao sorridente bebê da OI – para o dia-a-dia das pessoas, incide ao bolso do consumidor e aos péssimos serviços oferecidos pelas telefônicas.
Há o sentimento coletivo e o grito preso na garganta contra a inoperância das operadoras e a negligência do governo, que ainda não definiu uma lei regulatória para serviços de telefonia. Estamos, assim, à mercê de poucas companhias que dominam o mercado das telecomunicações.
Os registros do call center da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) revelam o problema. Por ano, o serviço recebe, em média, 6 milhões de atendimentos. Somente no ano passado, foram registradas 2,360 milhões de reclamações (falta de sinal, internet 3G que não funciona, cobranças indevidas, mau atendimento em pedidos de cancelamento de serviço, problemas na área de cobertura, e o congestionamento nas ligações. As queixas são muitas e contínuas!
Lideram o ranking de reclamações as empresas Brasil Telecom, Claro, TIM, VIVO, Telemig Celular/Amazônia Celular, CTBC Telecom e Sercomtel. O brasileiro paga caro, aliás, muito caro pelos péssimos serviços de telefonia e internet. O Brasil tem a segunda tarifa mais cara do mundo em celular e a terceira em telefone fixo.
Pesquisa da consultoria europeia Bernstein Research sobre as telecomunicações aponta o Brasil como um dos três países com as mais altas tarifas de telefonia celular do mundo, junto com a África do Sul e a Nigéria. O estudo levou em conta o Produto Interno Bruto (PIB) e os preços médios das tarifas em 17 países.
No Brasil os usuários pagam, em média, US$ 0,24 o minuto, valor similar aos US$ 0,23 da Nigéria e os US$ 0,26 da África do Sul. Infelizmente, prevalece, nessas paragens, a Lei do Alto Custo Versus Serviços de Baixa Qualidade, numa total inversão de valores econômicos e morais.
Diante do cenário, a Anatel promete aumentar a cobrança sobre as operadoras. O processo, entretanto, caminha vagarosamente para normatização. As empresas de telefonia, por outro lado, garantem novos investimentos para melhorar a qualidade dos serviços. E a população, à margem do jogo de irresponsabilidades, aguarda as esperadas melhorias.
Por isso, cabe a nós, cidadãos e consumidores, manifestarmos indignação mediante abusos e falsas promessas das empresas. Não sejamos mais lesados, muito menos coniventes com a propaganda enganosa e pela desqualificada prestação de serviços na área.
Lancemos o manifesto do Dia Sem Celular, ao aderirmos à Lei do Silêncio, por um dia todo, sem falar em qualquer aparelho eletrônico, vinculado às telefonias.
Vamos promover a revolta pacífica e a desobediência ordenada, sob a inspiração de Mahatma Gandhi. Converse com seu amigo, familiar, vizinho, faceamigo, contatos de e-mails, e aqueles lesados, de algum modo, pela ineficiência das operadoras.
Convoque-os à assentirem ao manifesto Dia Sem Celular. Será um ato de valentia e de muita responsabilidade cívica contra a falta de comprometimento das telefônicas com o Brasil.
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