Depois de CPI por compra de votos, investigação de desvio de parte dos salários dos comissionados, agora a prefeita de Campo Mourão, Regina Dubay (PR), principal eleitora de Gleisi Hoffmann (PT) na Comcam, enfrenta nova investigação do Ministério Público. O MP apura o desvio de um cheque nominal à prefeitura depositado na conta de um empresário quatro meses após ser emitido. No valor de R$ 13 mil, o cheque foi emitido pela empresa Marestur Transportes, de Londrina, como garantia do arremate de um lote bens inservíveis, vendido através do Leilão 001/2013, realizado no inicio de junho do ano passado.
Mesmo após quitar o boleto do lote adquirido, emitido pela prefeitura no dia seguinte, a empresa londrinense não conseguiu reaver o cheque. Em outubro, o cheque foi depositado em uma agência bancária de Curitiba na conta de um empresário e retornou duas vezes sem fundos, causando o encerramento da conta e a inscrição da empresa no cadastro de emitentes de cheque sem fundo do Serasa.
Em fevereiro deste ano, o advogado da Marestur Transportes protocolou uma ação na 2 Vara Cível de Campo Mourão com indenização por dano moral e a concessão de liminar para retirada do nome da empresa e de seus sócios do cadastro de inadimplentes. A liminar foi concedida pela Justiça no último dia 21. O Ministério Público foi informado do caso através de denúncia feita nesta semana pelo Observatório Social do município.
Negativado
Pedro Antônio Gonçalves, proprietário da Marestur, disse que ficou surpreso quando a prefeitura se recusou a devolver o cheque de sua empresa. “Eu participei de um leilão, comprei e paguei no dia seguinte. Mesmo assim, no inicio, chegaram a dizer que eu havia extraviado o cheque. Neste ano, me ligaram e disseram que o cheque havia sido entregue por José Carlos Laurani, titular da conta onde foi descontado o cheque. Queriam devolver o documento, mas eu informei que já havia protocolado ação judicial. Depois disso, não me ligaram mais”, disse Gonçalves. O empresário londrinense revelou que não pode contrair financiamentos para expansão da empresa por estar inadimplente. “Passei vergonha por acreditar em um órgão público”, falou.
Troco para servidor
Em entrevista, o empresário José Carlos Laurani, que atua no setor de loteamentos, admitiu que depositou o cheque em sua conta bancária de uma agência de Curitiba. Laurani disse que recebeu o cheque de um servidor da prefeitura e que ainda teria devolvido uma parte em dinheiro como troco. O empresário não quis revelar o nome do servidor antes de conversar com seu advogado.”Não tenho nada a esconder. Vou falar a verdade na promotoria”, afirmou.
Laurani disse porém, que compareceu neste ano no gabinete da prefeita Regina Dubay e na presença dela entregou o cheque ao coordenador geral da prefeitura, Carlos Garcia. Ele não quis comentar o fato do cheque ser nominal à prefeitura de Campo Mourão e não apresentar qualquer endosso oficial no verso, havendo apenas uma assinatura ilegível. O empresário afirmou que não conhece o proprietário da empresa que emitiu o cheque.
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