por Ricardo Noblat, em O Globo
Perguntaram a Lula o que ele achava da situação de Graça Foster, presidente da Petrobras, envolvida no escândalo da empresa.
Lula respondeu:
– Não acho nada. Isso é problema da presidente Dilma, não meu. Não posso dar palpite.
Quanta humildade, pois não? Quanta sensatez. Quanto respeito à dona do governo, a presidente Dilma.
O que deu em Lula? Logo nele que se mete em tudo do governo e tenta mandar mais do que Dilma?
Lembrei-me de uma frase de Rubens Ricúpero, ex-ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, dita em 1994 antes do início de uma entrevista à TV Globo, mas captada por antenas parabólicas.
A frase, que cito de cor:
– O que é bom a gente mostra. O que é ruim a gente esconde.
Lula é craque em se ligar ao bom, quer o bom seja obra dele ou não, e em se distanciar do ruim.
Mesmo do ruim produzido por ele. Cubra-se de glórias!
Graça na presidência da Petrobras foi escolha de Dilma, amiga dela, que a chama de Graciosa.
Mas o esquema de roubalheira montado na Petrobras carrega a impressão digital de Lula.
Pressionado por partidos, Lula cedeu à vontade deles e nomeou diretores para a Petrobras destinados a roubar e a deixar roubar.
Deu-se o mesmo com José Sérgio Gabrielli, nomeado por Lula presidente da empresa.
Dilma entra de santa na história?
De jeito nenhum. Por mais que negue – e diretamente até agora ela não se proclamou inocente – Dilma sabia, sim, o que estava em curso na Petrobras.
E fingiu não saber.
Se era desejo de Dilma salvar a empresa da lama que ameaça engolfa-la, isso não a torna menos responsável pelo que aconteceu ali.
Que arque, portanto, com as consequências.
Sozinha ou na companhia de Lula.
Deixe um comentário