Cristiane Agostine
Valor Econômico
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não será candidato à Presidência em 2014, mas não descarta a possibilidade de lançar-se em 2018. A afirmação foi feita ontem por interlocutores do ex-presidente, na tentativa de afastar rumores de que a presidente Dilma Rousseff não disputará a reeleição no próximo ano.
Lula, disseram seus auxiliares, terá como missões manter o PSB e o PMDB próximos a Dilma e demover o presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, da ideia de disputar a sucessão presidencial.
A negativa em relação à eventual candidatura de Lula em 2014 foi reiterada ontem por Paulo Okamotto, diretor-presidente do Instituo Lula, por Luiz Dulci e Paulo Vannuchi, ex-ministros e diretores da entidade. Petistas históricos e amigos antigos de Lula, os três participaram de um debate sobre o desenvolvimento da América Latina, promovido pelo Instituto Lula, em São Paulo, que contou com a presença do ex-presidente.
Segundo Dulci, Lula “já falou claramente” que não quer disputar a Presidência no próximo ano. Okamotto reforçou: “A nossa candidata em 2014 se chama Dilma Rousseff. Vamos trabalhar por sua reeleição”, disse. “Qualquer outra discussão é mera especulação”.
Vannuchi foi enfático ao afirmar que o ex-presidente não pretende disputar nem a Presidência nem o governo de São Paulo em 2014. A proposta de lançar-se ao governo paulista foi divulgada no ano passado pelo marqueteiro João Santana, que cuidou das campanhas presidenciais de Dilma e de Lula. “Ele nos proibiu de falar sobre essa proposta”, comentou.
Ao falar sobre 2018, no entanto, Vannuchi indicou que Lula poderá disputar novamente. “Não vou dizer que ele não será candidato. Não digo que não será em hipótese alguma, porque se houver um acirramento das contradições, se houver uma crise nacional e ele despontar como um polo de consenso, para reaglutinar o país, ai ele se dispõe [a ser candidato]”.
Vannuchi afirmou que o ex-presidente se dedicará às articulações políticas em torno da reeleição de Dilma. “Lula vai jogar toda sua energia para a manutenção e consolidação da aliança entre PT, PSB e PMDB. Não há nenhum desprezo pelo PCdoB como aliado, mas o problema é equacionar a aliança entre esses três partidos”, disse.
Segundo o ex-ministro, Lula “não parte do pressuposto de que Eduardo Campos será candidato em 2014”. “Ele [o ex-presidente] está empenhado junto a Eduardo para manter a aliança”, afirmou.
Vannuchi minimizou a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG). “Aécio não é candidato presidencial para valer [em 2014]. Ele é para 2018. Toda a construção agora é para ele virar figura de proa, disputar para perder e contar com recall em 2018”.
Lula evitou falar com a imprensa. Estrela do debate sobre a América Latina, que reuniu integrantes do primeiro escalão do governo, políticos e intelectuais latino-americanos, o petista não deu entrevistas nem permitiu que os jornalistas tivessem acesso ao evento. Participaram, entre outros, o ministro da Defesa, Celso Amorim, o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
O ex-presidente está acabando de formatar uma agenda de viagens pelo interior do Brasil, em uma espécie de reedição das “Caravanas da Cidadania”. Mesmo fora da Presidência e sem a intenção de disputar em 2014, Lula pretende manter-se influente sobre as bancadas parlamentares no Congresso e quer intensificar conversas com prefeitos, governadores e empresários.
Deixe um comentário