Uma coisa é o que Lula diz aos seus homens de confiança no escurinho dos gabinetes à prova de grampos. Outra é o que diz em público. Mas ontem, na abertura em Brasília de mais um Congresso Nacional do PT, Lula falou para fora o que ultimamente tem falado para dentro.
Deixou de lado a pregação a favor de Diretas, Já!, e cobrou dos militantes do partido um plano para eleger no próximo ano a maioria dos deputados federais e senadores. Assim, segundo ele, o PT ficaria dispensado de se aliar a outros partidos para governar o país.
Sim, Lula ainda parece alimentar a esperança de ser candidato a presidente, de eleger-se e de voltar ao Palácio do Planalto de onde jamais gostou de ter saído. De poder também a qualquer hora da madrugada acionar a cozinha do Palácio da Alvorada para comer sanduíche de pão com ovo.
Precisa combinar com o juiz Sérgio Moro, aparentemente pronto para condená-lo, deixando-o solto. E com a segunda instância da Justiça, que se o condenar mandará prendê-lo. Sem esquecer, é claro, dos eleitores, que o presenteiam o mais alto, altíssimo índice de rejeição.
Naturalmente Lula não seria o mesmo Lula capaz de entusiasmar sua turma se não repetisse os chavões de sempre, tipo “lá fora estão os inimigos de classe que querem nos destruir e nós temos que estar preparados para derrotá-los”. Ou se não batesse nas elites com as quais governou e enriqueceu.
Diretas, Já!, para tirar Temer ficou no passado. “2018 está logo ali, já começou. É por isso que eles estão com medo e nós não estamos com medo. Se a esquerda for para disputa com um programa factível, eu tenho certeza que a gente vai voltar a governar esse país”, garantiu Lula.
Não faltou o número clássico de se fazer de coitadinho. Réu em cinco processos, sendo três da Lava Jato, sapecou: “Eu não quero que vocês se preocupem com o meu problema pessoal. Eu já provei a minha inocência. Eu agora vou exigir que eles provem a minha culpa.”
Foi delirantemente aplaudido por uma plateia que pouco antes gritara “Dirceu, guerreiro, do povo brasileiro” para homenagear José Dirceu, ex-presidente do partido, em liberdade provisória.
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