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LULA CHORA POR DILMA; SERRA PEDE QUE OREM

Do Josias de Souza na Folha Online

A lei 9.504/97, que regula as eleições, anota que a campanha começa em julho. Comícios, só a partir de 6 de julho. Pois bem, neste 1º de Maio, com antecedência de dois meses e uma semana, os dois presidenciáveis que polarizam a disputa rasgaram a lei.

Com o auxílio de Lula, a petista Dilma Rousseff fez picadinho da lei em São Paulo. O tucano José Serra destroçou-a em Camboriú (SC). Pelo lado do PT, o ápice do escárnio foi atingido numa festa da CUT.

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LULA CHORA POR DILMA; SERRA PEDE QUE OREM

LULA CHORA POR DILMA; SERRA PEDE QUE OREM

Do Josias de Souza na Folha Online

A lei 9.504/97, que regula as eleições, anota que a campanha começa em julho. Comícios, só a partir de 6 de julho. Pois bem, neste 1º de Maio, com antecedência de dois meses e uma semana, os dois presidenciáveis que polarizam a disputa rasgaram a lei.

Com o auxílio de Lula, a petista Dilma Rousseff fez picadinho da lei em São Paulo. O tucano José Serra destroçou-a em Camboriú (SC). Pelo lado do PT, o ápice do escárnio foi atingido numa festa da CUT. Ao discursar, Lula cuidou de reconhecer a opção pelo ilegal:

“A legislação não me permite falar de candidatos”. Nem precisou. A platéia encarregou-se de puxar o coro:
“Olêêêê, olêêêê, olêêêê, olááááá, Dilmaaaaa, Dilmaaaaaa!” Lula, então, ultrapassou a fronteira da legalidade. Pôs-se a pregar a continuidade:

“Não é possível resolver o problema de 500 anos em oito. É preciso um umsequenciamento. Dilma, você ouviu o que eu disse? Sequenciamento…”

Enalteceu a própria gestão. Jactou-se de ter sido mencionado pela revista Time numa lista das lideranças mais influentes do planeta.

“Daqui a pouco meu ego não vai caber nas minhas calças. Vou ter que ir a um alfaiate, porque o ego engorda”.

Já se havia ufanado da Time mais cedo, noutra festa, organizada pela Força Sindical (assista no vídeo abaixo).

Súbito, diante da platéia 100% petista que a CUT providenciara e que a Viúva ajudara a bancar, Lula chorou.

As lágrimas cortaram-lhe o cenho no instante em que lembrou que seu governo está na bica de terminar.

“Quando eu deixar a Presidência, vou continuar morando no mesmo apartamento, na mesma distância do sindicato que me projetou na política”, disse, em prantos.

“O que vai mais me dar orgulho é que vou poder acordar de manhã e olhar para qualquer trabalhador e dizer para ele ‘bom dia, companheiro’.”

Disse que, ao chegar ao Planalto, em 2003, teve medo malograr. “Demoraria mais um século para um trabalhador poder pleitear ser presidente”.

Enquanto Lula chorava ao lado de Dilma, em São Paulo, José Serra sapateava sobre a lei eleitoral escorado na bíblia, em Santa Catarina.

O presidenciável tucano foi ao microfone num encontro da Assembléia de Deus. Salpicou no discurso inúmeras referências bíblicas.

A certa altura, fez um pedido aos “irmãos” que o ouviam –no auditório, cerca de 10 mil; espalhados num parque, coisa de 160 mil.

“Orem, rezem a Deus, por mim no sentido de eu ter mais sabedoria para enfrentar as batalhas e as lutas que nós temos daqui por diante”.

Serra ancorou o pedido numa passagem Velho Testamento em que o rei Salomão pede a Deus sabedoria para governar.

Os pastores se dirigiram ao candidato como “futuro presidente”. Um deles, Cezino Cavalcanti, reforçou o pedido aos fiéis para que rezassem por Serra.

Rogou ao tucano que voltasse ao encontro evangélico, em 2011, já na condição de presidente. E Serra: “Amém!”

Outro pastor, Reuel Bernardino, açulou a platéia. Instou-a a gritar o nome de Serra. Atendido, disse: “Esse povo não só ora como vota, haverá um rebuliço no país”.

Ao deixar o recinto, Serra ouvia a multidão entoar o seu nome. Fez o “V” da vitória.

Lula e Dilma fecharam o sábado em São Bernardo, no Sindicado dos Metalúrgicos do ABC. Ali, o olê-olá de Dilma foi intercalado com olês-olás Lula.

A oposição anunciou que vai se queixar ao TSE na semana que vem. O PT não disse, mas é provável que também vá ao tribunal contra Serra.

Ou a Justiça Eleitoral põe ordem na casa ou o país viverá, a cada semana, sete dias de campanha ilegal.