Lígia Guimarães, Valor Econômico
A disputa eleitoral pela Prefeitura de Londrina recria um histórico embate ocorrido em 2000, ano em que a cidade cassou um prefeito pela primeira vez. De um lado está o candidato Valter Orsi (PSDB), estreante na carreira política mas que, em 2000, era um dos protagonistas do movimento “Pé Vermelho, Mãos Limpas”, que reuniu 87 entidades civis em prol da cassação de Antonio Belinati (PP, ex-PDT, ex-PFL), quatro vezes prefeito de Londrina e largo histórico de corrupção.
Do outro, liderando as intenções de voto, um representante do “belinatismo” em 2016; o médico Marcelo Belinati (PP), sobrinho do ex-prefeito cassado. Pesquisa Ibope mais recente, divulgada no dia 19, mostrava Belinati com 48% das intenções de voto, e Orsi com 21%; na anterior, os percentuais eram 55% e 5%.
“Acredito que vamos ter segundo turno em Londrina. Orsi está melhor nas pesquisas do que eu estava nessa época”, diz o atual prefeito, Alexandre Kireeff (PSD), que derrotou o mesmo Marcelo Belinati em 2012 e, apesar de terminar o mandato com índices de aprovação em 65%, recusou-se a tentar a reeleição. “Sou contra a reeleição, disse isso durante a campanha e estou mantendo a minha posição”, diz o prefeito, ex-presidente da Sociedade Rural do Paraná.
Quando foi eleito, à época também estreante na política, Kireeff entrou na disputa pela prefeitura com menos de 5% das intenções de voto. Venceu no segundo turno, por 50,53% dos votos. Kireeff tornou-se cabo eleitoral de Orsi, cuja candidatura surgiu após várias tentativas de achar um nome entre as lideranças locais para dar continuidade à gestão. “Nunca na minha vida fui candidato a nada. Foi se conversando com A, B, C, um não podia, outro não podia. Sobrou meu nome”, explica Orsi, empresário e duas vezes presidente da associação comercial da cidade.
O combate à corrupção tornou-se um tema caro à cidade e decisivo no debate eleitoral. Em 2012, três pessoas ocuparam a cadeira de prefeito em menos de dois meses, quando o prefeito Barbosa Neto (PDT) também foi cassado. Além disso, são de Londrina ou construíram parte de suas carreiras lá nomes como o do doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato, André Vargas, ex-deputado do PT cassado, e José Janene, morto em 2010 e réu no processo do mensalão. “Kireeff colocou a cidade em páginas sérias, estávamos em páginas policiais”, diz. A reportagem procurou Marcelo Belinati, mas não teve retorno.
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