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Linha Verde é obra inacabada

Linha Verde é obra inacabada

Além de não executar o projeto original do Eixo Metropolitano, a atual administração de Curitiba não vai conseguir terminar a obra que começou da Linha Verde – ligando o Pinheirinho ao Centro. Os recursos obtidos por empréstimo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) já terminaram e a Prefeitura pleiteia dois novos financiamentos junto à instituição. O problema é que o BID não financia duas vezes a mesma obra.

“A Linha Verde é um Eixo Metropolitano calça-curta. A finalidade do projeto é integrar os dois lados de Curitiba, bairros que ficam de um lado e de outro da BR, e ainda integrar a capital com outros municípios da Região Metropolitana. Mas, além de não fazer isso, o atual prefeito não conseguirá terminar a obra”, afirma Gleisi. A candidata da coligação Curitiba Para Todos (PT-PSC-PRB-PHS-PMN-PTC) diz ainda que sua proposta é a de executar o projeto do Eixo Metropolitano completo, com apoio do governo federal, ligando o terminal do Alto Maracanã, em Colombo, ao cruzamento do Contorno Sul, atendendo a moradores de Araucária e Fazenda Rio Grande.

A Linha Verde, de acordo com números da Prefeitura de Curitiba, vai atender a 35 mil usuários do transporte coletivo de Curitiba, ou seja, 4% do total de pessoas que utilizam diariamente os ônibus da Rede Integrada de Transporte. A obra está custando R$ 214 milhões, mas, segundo especialistas, as soluções adotadas vão contribuir pouco para a melhoria do tráfego.

O financiamento do BID para a Linha Verde, que corresponde a 60% do valor total da obra, foi feito em ienes (moeda japonesa) que, assim como o dólar, desvalorizou em relação ao real. O valor foi contratado em 2003, equivalia a US$ 133 milhões à época ou R$ 481 milhões. Pelo câmbio de hoje, o valor financiado corresponde a R$ 128 milhões. Embora o endividamento da cidade seja menor, o valor não será suficiente para executar o projeto inicial, que seria de 18 quilômetros. A Linha Verde tem 9,4 quilômetros.

Na expectativa de ainda obter o financiamento para a conclusão do novo projeto, a Prefeitura de Curitiba está reservando R$ 30 milhões do orçamento de 2009 para que as obras não parem. No entanto, além do trâmite burocrático para os financiamentos internacionais, o Banco Interamericano não libera dinheiro para a mesma obra por mais de uma vez.

Para os especialistas em trânsito, a Linha Verde ainda apresenta alguns problemas de concepção, como os cruzamentos de bairros populosos com a nova avenida serem feitos através de semáforos. Dessa forma, nos horários de pico a tendência é que ocorram engarrafamentos. Outro ponto destacado é a dificuldade que o pedestre terá para atravessar as 12 pistas da Linha Verde sem uma passarela, uma vez que um semáforo fica distante um do outro a 1,5 km.

De acordo com o professor da Universidade Federal do Paraná Garrone Reck, não houve um estudo ou uma pesquisa técnica que apontasse os efeitos práticos da obra no trânsito de Curitiba ou no transporte de passageiros. “A Linha Verde, de acordo com números da Prefeitura de Curitiba, vai atender a 35 mil usuários do transporte coletivo de Curitiba. A Rede Integrada de Transportes de Curitiba e Região Metropolitana movimenta 2 milhões de passageiros”, alerta o especialista em trânsito.

“A Linha Verde não é a única obra inacabada da atual administração. Os moradores da região Sul de Curitiba estão reclamando que a Prefeitura abriu ruas, colocou meio-fio e jogou pedra nas vias, que esperam o asfalto. As máquinas foram embora e deixaram as ruas inacabadas nas vilas Sambaqui, Osternack, Campo Cerrado e Madre Tereza. Obra só pára quando é mal planejada”, provoca Gleisi Hoffmann.