O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, lançou na ultima semana o livro “Tchau, Querida”, em faz revelações sobre o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Cunha, que hoje está em prisão domiciliar, dá “detalhes inéditos e minuciosos” sobre a batalha de Michel Temer para derrubar a ex-presidente. No livro, ele também mira em dois personagens em destaque no atual cenário político: o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e Baleia Rossi (PMDB-SP), que disputa o cargo com apoio do próprio Maia.
Mas outros personagens são tratados ao longo do livro, que o Boca Maldita teve acesso. Incluindo alguns paranaenses que estiveram entre os mais influentes na política nacional na última década. Abaixo quem são, por ordem de citação, estão compilados esses personagens. Não estão na conta o ex-juiz Sergio Moro (98 citações) e o procurador (16 citações), por seus trechos tratarem de detalhes do processo de Cunha na Lava Jato.
André Vargas
Com 25 citações, o ex-deputado federal pelo PT é o paranaense que mais aparece no livro de Eduardo Cunha. Vargas chegou a ser vice-presidente da Câmara Federal e era cotado para disputar a presidência da Câmara quando se viu envolvido no escândalo da Petrobras.
Cunha relata que consegui impedir o quórum da maioria das sessões do Conselho de Ética, que estava analisando o processo de cassação de Vargas. “Cheguei até a me atritar com Júlio Delgado, que foi me procurar um dia na liderança e me pedir que desse o quórum. Respondi que não daria e que eu não queria a cassação de André Vargas.”
Irritado com atritos do PT, André Vargas, teria ainda, de acordo com Cunha, intercedido junto a deputados do partido para que votassem em Cunha e não em Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara.
Osmar Serraglio
O ex-deputado, Osmar Serraglio chegou a ser Ministro da Justiça por um curto período de tempo e é citado 22 vezes no livro de Eduardo Cunha. Cunha centra fogo contra o paranaense, a quem acusa de não cumprir acordo para evitar sua cassação no Conselho de Ética. Osmar era presidente da CCJ, por onde o processo iniciou. Em um trecho, Cunha diz que Osmar Serraglio talvez tenha sido o um grande erro que cometi no processo.
“Fechei um acordo com todos e indiquei o deputado Osmar Serraglio para presidir a CCJ. Eu seria traído depois por ele. Foi um erro essa escolha, que teve reflexos no meu processo de cassação. Serraglio não é bem-visto na Casa justamente por descumprir palavra. Eu, no passado, já havia tido problemas com ele.”
“Eu fui traído por Osmar Serraglio, Baleia Rossi e provavelmente Michel Temer, que participou do acordo e não evitou que ele fosse descumprido. Além disso, eu mesmo questionava que essa petição, que Serraglio pedia que eu assinasse, era intempestiva e fora do padrão regimental. Mas ele alegava que entenderia como cabível e assumiria o ônus. Eu acabaria caindo no “conto do vigário”.
Gleisi Hoffmann
Cunha se refere a Gleisi em 4 momentos no livro, relacionados a comentários sobre medidas provisórias editadas pela ex-ministra da Casa Civil e sobre os processos envolvendo-a. Sobre a escolha de Gleisi para ser ministra, Cunha diz foi uma escolha “crucial para entender o movimento do governo de Dilma. Ela tirava o elo de interlocução com Lula e colocava alguém que
naquele momento não era anada com o ex-presidente nem representava a ala do PT que estava se enfraquecendo com a queda de Palocci.
Ricardo Barros
Ricardo Barros é um outro paranaense que aparece em citações do livro “Tchau, Querida” . Barros é citado em passagens como o relator-geral do Orçamento ao alertar que o déficit chegaria em R$ 70 bilhões, depois no episódio de interferência para que o PP saísse do muro para embarcar no impeachment e por fim na montagem do Governo Temer quando foi alçado ao Ministério da Saúde, apesar de a primeira escola de Temer ser o médico Raul Cutait. Segundo Cunha, Ricardo Barros “acabou se tornando um bom ministro”.
“Temer tinha aceitado bem a indicação de Cutait e queria ter nomes fortes no ministério, como o dele. A relutância de Cutait levou Temer a pedir a Ciro outro nome. Como Ciro estava sem alternativa, acabou indicando o deputado Ricardo Barros. Temer resistia ao nome, mas acabou cedendo, contrariado. Ricardo Barros acabou se tornando um bom ministro. “
Beto Richa
O ex-governador Beto Richa também é citado no livro numa breve passagem. Cunha relata que começou as viagens de campanha à presidência da Câmara pelo Paraná, onde visitou o governador tucano Beto Richa. “À noite tive um jantar reservado com ele, a partir do qual ele passou a me apoiar, independentemente da posição do PSDB. Richa também começou a pedir votos para mim, tendo me dado quatro votos na eleição, do PSDB e do PSB – embora para a imprensa declarasse que iria aguardar o posicionamento de seu partido.”
Sérgio Souza
Já fora da presidência da Câmara, Cunha articulava para que a liderança do MDB atuasse em seu favor no Conselho de Ética. Houve então uma disputa para derrubar Leonardo Picciani, ligado ao governo Dilma, e trocá-lo por um nome que fosse mais neutro ou próximo de Cunha. A disputa envolvia também das bancadas nos estados.
Cunha diz que chegou a tentar a tentar que o indicado fosse do MDB do Paraná. “Mas a dificuldade era que o deputado Sergio Souza estava apoiando Picciani. Ele tinha a promessa de presidir a Comissão de Orçamento“.
Devido a isso, o escolhido foi o deputado Hugo Motta, emedebista de Minas Gerais.
Edson Fachin
Após a morte de Teori Zavascki, um novo relator dos processos da Lava Jato teria de ser sorteado no Supremo. O escolhido foi Edson Fachin, que estava se mudando para a 2ª turma e era o favorito para o sorteio no sistema do STF “Também advogado oriundo do Paraná, ele (Edson) jamais iria se contrapor àquilo que ficou conhecido como a República de Curitiba – cujo “presidente” era Moro””
Assembleia Legislativa do Paraná
Citando um debate sobre reforma política em que participou na Assembleia
Legislativa do Paraná, Cunha diz que o PT “colocou um grupo para me hostilizar nas dependências da Casa, o que seria uma rotina em quase todas as capitais para onde eu levaria o projeto”
Bancada paranaense
Sobre a fatídica votação do impeachment de Dilma na Câmara, Cunha, que comandou a sessão, lembra que o Pará foi mais apertado, “mas o Paraná compensou – e muito”.
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