Joaquim Levy (Fazenda) repetiu hoje (segunda-feira, 25) o seu colega do Paraná (Mauro Ricardo) e disse que o país precisa repensar o gasto de recursos públicos a longo prazo e que “acabou o dinheiro”. Mauro Ricardo já disse, no começo do ano, que estava “contando moedinhas” para pagar os salários dos servidores e hoje diz que faz o mesmo para pagar os fornecedores.
Levy, por sua vez, diz que conta com as novas concessões para obtenção de recursos para financiar os projetos de infraestrutura. O ministro chamou ainda da “adequado” o corte de R$ 69,9 bilhões no Orçamento de 2015. “Vamos ver como reorganizamos o financiamento de longo prazo, agora que acabou o dinheiro e aquele modelo mais baseado em recursos públicos. Esses recursos acabaram”, disse ao jornal O Globo.
“Acho que o contingenciamento foi no valor adequado. Esta é uma das parte das políticas que estão sendo postas em prática”, disse. O momento, segundo Levy, é de enfrentar temas que vão além, como competitividade e produtividade. A necessidade agora é “fazer um ajuste estrutural” porque mudaram as condições de economia brasileira e o preço internacional das commodities — que beneficiava as exportações — não é mais o mesmo.
“Apesar de o governo ter dado muito incentivo fiscal, as empresas não tiveram um desempenho muito forte. Questões de como a gente pode ter a economia brasileira ter mais vitalidade e não necessariamente só botando dinheiro público”, defendeu Levy. “As receitas previstas pelo Orçamento, aprovado há um mês, não tem conexão com a realidade da arrecadação. O PIB não está devagar por causa do ajuste. O ajuste está sendo feito porque o PIB está devagar”.
Ainda sobre o contingenciamento e as demais medidas de ajuste fiscal que tramitam no Congresso, o ministro argumentou que tudo isso é fundamental para o cumprimento da meta de superávit primário, de 1,13% do PIB para este ano. Ele mencionou a evolução da arrecadação que, nos últimos anos, não tem atendido às necessidades de governo.
“É preciso uma situação um pouquinho mais equilibrada. As receitas não têm sido muito significativas. Tivemos um déficit primário forte, que nos colocou em risco na questão do rating, o PIB não foi muito grande, as empresas não investiram. O contingenciamento é importante. O governo cortou na carne. Tentamos chegar ao mais próximo de 2013, mas a gente sabe muito bem que a maior parte do gasto é determinado por lei, é obrigatório”.
Perguntado se o governo planejava aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), ele respondeu: “Não tenho calculado nada de IOF. A gente tem que ir com calma na parte de imposto. Não adianta imaginar que os impostos vão salvar a economia brasileira. Não é por aí. A gente tem uma coisa mais profunda, que não se resolve com coisas fáceis, por mais emocionantes que possam ser. Foi dado um passo importante, porque o anúncio que o ministro do Planejamento fez foi muito claro”.
Levy voltou a afirmar que o contingenciamento é uma parte da estratégia. Acrescentou que as receitas previstas no Orçamento aprovado há um mês não têm conexão com a realidade da arrecadação. Como o Orçamento autoriza despesas, faz-se necessário que o governo corte esses gastos, “com cautela e equilíbrio, sem o menor risco ao crescimento”.
Indagado sobre sua expectativa em relação ao PIB no primeiro trimestre, o ministro lembrou que, no início do ano, havia grandes temores em relação à economia. Muitos agentes se retraíram. Segundo Levy, boa parte dos receios desapareceu. Ele destacou que está discutindo com o Ministério da Agricultura um plano de safra realista, mas com volumes que atendem às necessidades do setor agrícola, apesar da queda dos preços das commodities. “O que interessa é o que vem pela frente. Se a gente fizer os ajustes a gente consegue botar a economia crescendo outra vez”.
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