O ex-governador Jaime Lerner andou por Curitiba nos últimos dias. Deu entrevistas, escreveu artigos, deu palpites sobre a administração municipal. Em resumo, teve mais atividade política em uma semana que nos últimos quatro anos, desde que deixou o governo.
A leitura que se faz dessa movimentação incomum é simples. Lerner imagina ter obtido, com seu período de silêncio obsequioso, indulgências plenárias para com seus muitos delitos e malfeitorias cometidos ao longo de seus oito desastrosos anos de governo.
Lerner apareceu, colocou a cara na janela para testar a reação, quer ver se foram esquecidas suas muitas pendências abertas com a sociedade paranaense. Tenta fazer um teste da amnésia coletiva para ver se pode se aventurar a novas incursões na política, mais especificamente se pode tentar, sem vaias, ofensas e tomatadas, voltar a Prefeitura de Curitiba nas eleições de 2008.
No lugar de piadinhas e pitacos sobre o transporte coletivo, Lerner deveria convocar uma entrevista coletiva e responder, ponto por ponto, as dezenas de escândalos gravíssimos que soterraram na lama seus dois governos.
Poderia responder, por exemplo, sobre a venda – na bacia das almas – do Banestado. Um banco que pegou saneado, com as finanças equilibradas e que ele quebrou e vendeu a preço vil.
Poderia explicar o que foi feito na Sanepar, que ele entregou a um grupo multinacional. Poderia explicar a tentativa de vender o maior patrimônio do Paraná, a Copel.
Teria muito assunto, também, ao explicar as dezenas de escândalos financeiros envolvendo os seus mais próximos auxiliares, alguns deles chegaram a ser presos, alguns já estão na cadeia e outros já foram condenados e estão aguardando em liberdade os julgamentos de seus recursos. Depois de tudo explicado poderia pensar em balões de ensaio, em piadinhas e palpites.
Da coluna Bastidores nesta sexta (30) no www.horahnews.com.br.
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