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Leite materno em pó que pode ser distribuído pelo SUS é desenvolvido por paranaenses

Pesquisa realizada na Universidade Estadual de Maringá (UEM) mostra que produto em pó não perde nutrientes e se torna alternativa mais econômica e sustentável para bancos de leite.

O valor, tanto emocional quanto físico, do leite materno levou pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no norte do Paraná, a estudarem e desenvolverem um método capaz de transformar o líquido em pó sem desperdiçar os principais nutrientes.

“Pensando que o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade é realidade para apenas 40% das brasileiras, permitir que o leite materno seja viável e distribuído para a população pelo Sistema Único de Saúde é inovador”, diz Vanessa Javera, estudante de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos da UEM.

Com grande capacidade nutritiva e reconhecido pela importância no desenvolvimento físico e cognitivo, o leite materno é um alimento de ouro para bebês, principalmente, para recém-nascidos.

Não é à toa que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o leite materno seja o único alimento oferecido para os bebês até os seis meses de vida. Depois, quando se inicia a introdução alimentar, o leite materno deve ser mantido até a criança completar, pelo menos, os dois anos.

O que propõe a pesquisa

Além da Vanessa, o professor Jesui Vergilio Visentainer também está por trás da pesquisa que, segundo eles, é inédita no país. Para eles, o resultado é importante do ponto de vista social, econômico e sustentável.

No método desenvolvido, o leite materno congelado doado passa pelo processo de pasteurização no banco de leite e depois é desidratado até virar pó.

Conforme os estudos, depois deste processo, com nutrientes preservados, o leite é encaminhado às instituições de saúde.

“Trabalhamos com fatores imunológicos, nutricionais e antioxidantes, e todos esses componentes permaneceram no leite que foi transformado em pó. O resultado mostra que esse processo é viável”, contou a pesquisadora.

A pesquisadora explica que o processo de pasteurização é necessário para evitar que doenças sejam transmitidas pelo leite doado. O leite materno sem pasteurização só pode ser utilizado pelo filho da própria doadora.

O leite humano em pó é ainda uma alternativa para melhorar e otimizar o armazenamento, transporte e distribuição.

Conforme a pesquisa, o produto em pó é mais resistente à contaminação, o transporte pode ser feito de maneira mais simples e gera menos gastos.

Como é feito hoje

Atualmente, os bancos de leite humano recolhem o leite materno congelado das casas das doadoras e, de lá, levam os recipientes em caixas térmicas com controle rigoroso de temperatura.

No banco de leite, o líquido passa pelo processo de pasteurização e depois é levado para hospitais para atender bebês recém-nascidos internados.

O hospital precisa manter o produto congelado. Ao ser descongelado, o leite materno, se não consumido, deve ser descartado após 24 horas.

“Quando pensamos que bebê amamentado terá um desenvolvimento cognitivo melhor e ficará menos doente, esse estudo se torna ainda mais relevante”, concluiu a pesquisadora.

A pesquisa paranaense recebeu o prêmio Péter Murányi que reconhece trabalhos inovadores para melhorar a qualidade de vida da população.