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Leilão dos aeroportos mostrou que empresas continuam confiantes no futuro do país, diz ex-ministro

O governo federal realizou na última quarta-feira (7) o leilão de 22 aeroportos nacionais. A Sputnik Brasil conversou com ex-ministro do Planejamento e presidente da ANEAA, Dyogo Oliveira, sobre o significado da concessão dos aeroportos no contexto da pandemia.

Com o forte impacto que a pandemia da COVID-19 causou no setor de transporte aéreo, a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) revisou os parâmetros do leilão, incluindo, por exemplo, novas previsões de demanda, já considerando as reduções previstas por causa da COVID-19. Os investimentos previstos para os terminais, por exemplo, foram reduzidos: de um total de R$ 6,976 bilhões, o valor caiu para R$ 6,126 bilhões.

O ex-ministro do Planejamento e presidente da ANEAA (Associação Nacional das Empresas Administradoras de Aeroportos), Dyogo Oliveira, em entrevista à Sputnik Brasil, afirmou que o ministro Tarcísio Gomes Freitas teve “muita coragem” ao manter o leilão, destacando que, após muita discussão sobre o processo, foi “uma decisão realmente ousada, mas acertada”.

“O leilão foi muito bem-sucedido, houve uma boa concorrência entre as empresas participantes e os valores pagos são valores realmente muito vultosos, acima de três bilhões de reais e um ágio em relação ao valor inicial previsto também muito levado”, afirmou.

O resultado do pregão foi comemorado pelo ministro da Infraestrutura, após o leilão gerar uma arrecadação de R$ 3,3 bilhões com 22 aeroportos leiloados, além de uma garantia de investimentos de R$ 6,1 bilhões de reais em um período de 30 anos.

Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, celebrou a realização do leilão, classificando o evento como a “vitória da ousadia do trabalho e da infraestrutura”.

“O Brasil soube sair da frente ao manter os leilões para essa semana enquanto outras nações suspenderam as negociações previstas. Estou muito feliz de ver grupos importantes participando, esse é o maior sinal de prestígio, sinal de confiança no nosso país”, comemorou.

De acordo com o ex-ministro do Planejamento, a atual situação de pandemia tem um peso nas avaliações das empresas, mas Dyogo Oliveira observou que as companhias “olham muito mais a perspectiva futura”.

“O que a gente viu nos leilões ontem (7) foi uma demonstração de que as empresas que atuam na área dos aeroportos, na área de infraestrutura em geral, continuam muito confiantes no futuro do país e isso é uma sinalização muito boa e muito positiva, que deixa todos muito animados”, afirmou o presidente da ANEAA.

​O ex-ministro do Planejamento lembrou que o processo de concessões aeroportuárias no Brasil já completa dez anos este ano. Para ele, uma avaliação geral que pode ser feita durante este período é que houve uma “melhoria substancial tanto do tamanho da infraestrutura, do volume de capacidade disponível, quanto dá qualidade da infraestrutura disponível”.

“A nossa avaliação é de que o programa de concessões aeroportuárias do Brasil é um grande sucesso, evidentemente que houve muitas mudanças ao longo do caminho, os modelos foram se moldando a situações novas […] Apesar dessas evoluções, do ponto de vista do usuário houve uma melhoria considerável da qualidade do serviço e, principalmente, o aumento da disponibilidade de voos”, argumentou.

“Os aeroportos quando são concedidos, normalmente eles passam por um processo de ampliação do terminal, e ampliação da capacidade de pista, então isso permite aeronaves maiores pousarem, permite um volume maior de tráfego de aeronaves. Há uma maior disponibilidade de acentos, que acaba também reduzindo preços”, acrescentou.

Avanço do setor privado

Ao comentar o avanço das privatizações no Brasil, o presidente da ANEAA comentou que é um processo que tem se desenvolvido muito na infraestrutura não só na esfera federal, mas também nas esferas estaduais e municipais.

De acordo com ele, atualmente o Estado tem uma “capacidade muito limitada de investimentos, e as estruturas econômicas hoje no Brasil demandam um suporte muito grande, então as transações e o crescimento do comércio, principalmente do comércio on-line, precisa ter muita infraestrutura para fazer toda essa movimentação de cargas no país inteiro”.

“Então a qualidade e a quantidade de infraestrutura no Brasil precisam crescer muito e o Estado não tem condição de fazer todo esse investimento, é muito importante que haja a participação do setor privado e que o Estado tente ao máximo fazer uma boa regulação”, completou.

Para o ex-ministro Dyogo Oliveira, se o Estado tiver uma boa regulação dos contratos, das regras de negócio, do funcionamento dessas infraestruturas, “certamente conseguirá atrair o investimento privado para desenvolver a infraestrutura”.

com informações da Agência Sputink