Os legados dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, devem ir além da construção de estádios. A avaliação é do deputado federal João Arruda (PMDB-PR), ao coordenar o seminário “Ciclo Olímpico Brasileiro: Possibilidades e Potencialidades”, promovido pela Comissão de Turismo e Desporto (CTD), da Câmara dos Deputados em Brasília.
O evento, segundo João Arruda, que é presidente da Frente Parlamentar da Atividade Física, ampliou os debates para fazer com que as Olimpíadas de 2016 contribuam para estabelecer “uma cultura de práticas esportivas no país”.
Participaram do seminário representados dos ministérios da Educação e Esporte, Conselho Federal de Educação Física, Sindicato de Academias e da Confederação Nacional de Serviços para o Setor de Academias e Similares.
“Estamos promovendo esta discussão não só na Câmara, mas também em outros estados, como recentemente tivemos a oportunidade no Paraná, porque entendemos que é necessário discutir o avanço do esporte além das Olimpíadas, para a vida de cada cidadão, em especial o seu legado sócio-educacional”, disse João Arruda.
“Esperamos que essa nova dinâmica do esporte em nosso país vá além da construção de arenas e estádios e de toda a infraestrutura que envolve a competição”, completou o deputado.
Esporte nas escolas
João Arruda destacou a iniciativa dos ministérios da Educação e do Esporte, que vão atuar em conjunto para aumentar o tempo da prática esportiva dos alunos nas escolas. A intenção é que, além das duas horas semanais de aulas de educação física normalmente oferecidas nos colégios, os alunos tenham a oportunidade de fazer esportes no turno inverso.
Para isso, segundo informou durante o seminário o diretor do Departamento do Esporte de Base e de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, André Arantes, deverão ser contratados mais professores, que vão ser capacitados em áreas específicas, como judô, atletismo e natação.
“No contra-turno escolar, poderemos contemplar tanto os estudantes que desejam fazer uma atividade de lazer, como se estivessem em uma academia, quanto aqueles que pretendem treinar uma modalidade a sério”, disse.
De acordo com André Arantes, os ministérios também querem incentivar mais a participação dos estudantes nas competições esportivas escolares da própria cidade, do estado, e em nível nacional e internacional.
Outro ponto que está sendo discutido é o estímulo ao atletismo nas escolas. Apesar dos estudos que estão sendo feitos para implementar todas essas ações, o diretor afirmou que ainda não existe prazo para que as medidas saiam do papel.
O presidente do Sindicato de Academias e representante da Confederação Nacional de Serviços para o Setor de Academias e Similares, Gilberto José Bertevello, lembrou que, atualmente, as parcelas da população que mais têm procurado as academias são idosos e adolescentes obesos.
“Teríamos menos trabalho para colocar esses adolescentes em forma física, se tivessem mais estímulo nos colégios. Além da educação física, é importante que se abra espaço para as competições esportivas dentro do ambiente escolar”, declarou.
Carga horária menor
Por sua vez, o presidente do Conselho Federal de Educação Física, Jorge Steinhilber, lamentou que alguns estados estejam diminuindo a carga horária da educação física nas escolas. Na opinião dele, o governo federal tem desenvolvido “projetos desarticulados” na área de saúde e bem-estar, sem preocupação com resultados efetivos para a população.
Steinhilber criticou especificamente o Programa Academia da Saúde, do Ministério da Saúde, e o Programa Mais Educação, do Ministério da Educação. Segundo o dirigente, alguns integrantes dos ministérios defendem que, nesses projetos, as atividades físicas sejam ministradas por agentes comunitários de saúde ou pessoas que tenham praticado esporte – não, necessariamente, profissionais habilitados em educação física. “Isso representa um descaso com a qualidade e com a sociedade menos favorecida”, avaliou.
Também integrante do Conselho Federal de Educação Física, Ricardo Catunda ressaltou que existe uma tendência mundial de diminuir o tempo da educação física nas escolas, para aumentar os horários de outras disciplinas.
Segundo ele, pesquisas mostram, no entanto, que essa prática não tem provocado melhor desempenho em outras matérias. “Estudos recentes mostram que o nível de aptidão física e habilidade motora está diretamente ligado à condição intelectual do indivíduo. Ou seja, quanto mais ativa é a pessoa, maior é a sua capacidade de aprendizagem”, argumentou.
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