Rubens Chueire Jr., Folha de Londrina
Depois de um ano e meio de investigações, 15 fases deflagradas e da prisão de ex-diretores da Petrobras e de diversos empreiteiros, a Operação Lava Jato caminha a passos largos. Para o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) que atua em Curitiba, ainda há muito a ser apurado, mas ele acredita que os trabalhos já avançaram a ponto de estarem perto de identificar os envolvidos que realmente dominavam todo o megaesquema de corrupção e desvios de recursos públicos.
“Diria que já ultrapassamos a metade da investigação, mas ainda há muita coisa a denunciar. Quando se vê o nível de pessoas que estão presas você pergunta: ‘Há muito mais gente do mesmo nível ou acima deles para serem envolvidas?’ É como uma pirâmide que a gente vai colocando as peças e vai fechando a estrutura. Creio que nós estamos perto de chegar naqueles que realmente tinham o domínio das operações”, afirma o procurador. “Quando você prende um Marcelo Odebrecht, um presidente da Camargo Correa (Dalton Avancini) e da UTC (Ricardo Pessoa), já se está perto disso”, completa.
Lima acredita que outros esquemas criminosos devem aparecer, mas ressalta que a possibilidade de novos personagens surgirem é mais reduzida. Segundo ele, os trabalhos ainda devem se aprofundar na área de comunicação da Petrobras, mas que, diante do todo, não se compara com os contratos de refinaria e outros negócios que já foram alvo de apuração. “Acho que faltam poucos personagens que são mais ou menos previsíveis e acredito que não vai haver nenhuma surpresa. O que vai, de repente, aparecer é um novo esquema criminoso em algum lugar, mas os personagens não vão mudar muito. Na verdade, o que acontece é uma repetição de nomes, mas as pessoas que realmente mandam são poucas”, reforça o procurador.
QUALIDADE DAS PROVAS
O integrante da força-tarefa lembra que não há dúvida sobre a existência do cartel de empresas e do pagamento de corrupção, como questionam as defesas do executivos presos na operação. Lima diz, inclusive, que se surpreende com o nível de provas que estão surgindo durante os trabalhos. “A cada dia me surpreendo com o volume de evidências, muito em parte devido à cooperação internacional, que é um procedimento sigiloso e lento. Mas quando se chega nesta fase temos uma quantidade de provas e informações absurda. Posso ter um problema para provar um contrato ou outro, mas não para ter a fotografia completa dos fatos. Quanto ao desenho dos fatos em relação à cartelização, não tenho dúvida da participação de todas as empresas.”
O discurso de Lima é reforçado pelo delegado Igor Romário de Paula, coordenador das investigações da Lava Jato na PF. “Estas empresas que questionam a atuação da MPF e PF se resumem a poucas, porque muitas já admitiram a existência da cartelização”, aponta.
De acordo com o delegado, a Lava Jato está se tornando uma “operação permanente” dentro da PF. Ele conta que chegou a fazer uma previsão de recursos e de pessoal para atuar nas investigações que já teve de ser refeita duas vezes.
“Primeiro achamos que conseguiríamos terminar as apurações até o final do ano passado, mas o novelo foi se desenrolando e outras áreas aparecendo, realmente não vejo previsão para término dos trabalhos”, avalia.
Deixe um comentário