O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu elevar os juros básicos da economia de 12,25% para 12,75% ao ano, uma alta de 0,50 ponto percentual. Foi o quarto aumento consecutivo da taxa Selic, que atingiu o maior patamar desde o início de 2009, quando estava em 13,75% ao ano, ou seja, em seis anos. As informações são do G1.
O novo aumento dos juros básicos da economia acontece em um momento complicado, com a economia ainda se ressentindo de um baixo nível de atividade, mas com a inflação fortemente pressionada pelo aumento de tarifas públicas, como energia elétrica e gasolina, e também pela disparada do dólar – que nesta quarta fechou em R$ 2,98, o maior patamar desde 1998.
De acordo com o professor de economia da Universidade Mackenzie, Pedro Raffy Vartanian, o cenário atual é um dos mais desafiadores para a política econômica, pois combina ausência de crescimento com inflação em alta, que os economistas chamam de “estagflação”.
A alta do dólar pressiona os preços, pois os produtos e insumos importados ficam mais caros. Além disso, a inflação também sofre os efeitos dos reajustes dos chamados “preços administrados” (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros). Para a energia elétrica, o rejuste pode superar 40% neste ano.
Do lado da atividade econômica, analistas não descartam a possibilidade de o país entrar de novo em recessão, a exemplo do registrado no ano passado. A chamada recessão técnica se caracteriza por dois trimestres seguidos de contração do Produto Interno Bruto (PIB).
A expectativa da maior parte do mercado financeiro, realizada na semana passada pelo BC com mais de 100 analistas de bancos, é de que a economia brasileira tenha registrado crescimento zero em 2014 e de que tenha retração de 0,58% em 2015 – o que seria a maior queda em 25 anos.
O mercado financeiro segue incrédulo com a economia brasileira. De acordo com estimativas coletadas pelo próprio Banco Central na semana passada, com mais de 100 instituições financeiras, a inflação deve somar 7,47% neste ano (bem acima do teto de 6,5% do sistema de metas brasileiro), 5,5% em 2016, 5,2% em 2017 e 5% em 2018 – não atingindo, portanto, a meta central de 4,5% até o fim do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
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