Estelita Hass Carazzai
Folha de S. Paulo
Joel Malucelli, 68, é um dos maiores empresários do Paraná: dono de banco, time de futebol, construtora e jornais. Sua holding, com 74 empresas, tem patrimônio de R$ 2 bilhões e lucro de milhões ao ano, parte deles em contratos com o poder público.
No ano que vem, J. Malucelli, como é conhecido, pode também ser candidato ao governo do Paraná.
Filiado ao PSD, que, no Paraná, agrega egressos do DEM, PP e PMDB, entre outros partidos, o empresário tem o apoio do diretório estadual e do presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, para lançar a candidatura.
O apoio se dá, por ora, mesmo diante da possibilidade de disputa com a petista Gleisi Hoffmann, ministra da Casa Civil do governo Dilma (cuja tentativa de reeleição já tem apoio do PSD), e com o governador Beto Richa (PSDB), que tem integrantes do PSD em seu secretariado.
Num pleito acirrado como o que se esboça, Malucelli seria uma “terceira via”, na visão do partido.
“Ele tem um perfil que se aproxima do cobrado pela sociedade. E traria racionalidade e planejamento para a vida pública”, diz o deputado federal Eduardo Sciarra, presidente do PSD-PR.
O empresário já está se preparando para a campanha. Viajou diversas vezes ao interior do Paraná com líderes políticos e tem colhido sugestões para o plano de governo.
“Político trabalha muito mais que empresário. Mas muito mais”, diz.
“COLA”
Quando dá entrevistas sobre a candidatura, Malucelli leva uma “cola”, uma folha sulfite com “reformas necessárias” ao setor público: tributária, política, trabalhista.
Para ele, é preciso administrar o Estado “como uma empresa” e transformá-lo em “uma fábrica de projetos”, planejando o Paraná para os próximos 30 anos.
Malucelli está aposentado há um ano. Quem toca os negócios da família hoje é o filho Alexandre Malucelli.
Se eleito, o empresário diz que vai colocar em marcha “um plano revolucionário”, reduzindo o número de secretarias de 23 para 12.
“O Paraná é um Estado inchado. [Nele, existe um] processo político em que você tem que acomodar diversos partidos e dar secretarias para contentá-los”, afirma.
ALAVANCA
Sobre suas principais propostas, fala em alavancar obras de infraestrutura e reduzir a burocracia. Saúde, educação e segurança, por enquanto, vêm na tangente.
Os contratos de sua holding com o governo do Estado, caso fosse eleito, seriam rompidos. Diz que jamais usaria seus veículos de comunicação (duas emissoras de TV, três rádios e um jornal impresso) a seu favor. Caso venha a ser governador, afirma Malucelli, eles não receberão nenhuma verba estadual.
Entre uma fala e outra, Joel deixa escapar certa cautela sobre a candidatura.
“Às vezes estou mais, às vezes menos [empolgado]”, comenta, depois de questionado se está animado com o projeto. “A decisão é do partido”, complementa.
Embora defenda, em tese, a candidatura própria, o PSD no Paraná tem como principal preocupação a eleição de um bom número de deputados estaduais e federais.
A Executiva faz os cálculos: acha que pode eleger dois federais com os nomes que já tem, mas, com uma aliança que puxasse mais votos, faria pelo menos quatro.
“O partido vai fazer o que for melhor para si”, diz um integrante do diretório, que tem bom trânsito tanto com o PT de Gleisi quanto com o PSDB de Richa. Logo, deve ser cortejado por ambos.
O próprio Joel admite a possibilidade: “Eles são políticos, não é? Precisam da vitória para continuar exercendo a política”.
Ainda assim, calcula que a chance de sair candidato é de 70%. Sciarra, o presidente estadual, prefere não fazer estimativas.
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