O combate à corrupção no Brasil chamou a atenção do Fórum Econômico Mundial de Davos (WEF), que convidou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para falar sobre seu trabalho e sobre a operação Lava-Jato no evento. Segundo Janot, a interlocução com a elite internacional pode ajudar a atrair investimentos para o mercado brasileiro. Isso porque empresários e banqueiros que estão no Fórum saberão que o país está criando um ambiente jurídico mais seguro para os negócios. As informações são de Martha Beck n’O Globo.
– O trabalho de combate à corrupção feito pelo Brasil é reconhecido no mundo inteiro. E falar sobre isso no âmbito de comunidade econômica internacional é passar a mensagem de que a segurança jurídica é boa para economia. Ele tem por finalidade uma economia saudável, que combate o capitalismo de compadrio, a cartelização e o sistema capitalista que não tem vocação para a eficiência econômica – afirmou Janot ao GLOBO.
Segundo ele, quem acha que os investidores podem ficar apreensivos em buscar o Brasil diante da abrangência de operações com a Lava-Jato, que revelou um esquema de corrupção na Petrobras e já dura há três anos, está enganado:
– O trabalho não gera apreensão. Pelo contrário. Ele gera uma expectativa de segurança jurídica. Todo mundo quer saber a regra do jogo, como funciona, como é que eu vou entrar no mercado e como que eu vou me comportar. Todo mundo quer segurança, quer que a regra seja aplicada para todo mundo, quer competição, quer entrar no mercado.
Janot participou, nesta quarta-feira, de um debate sobre crimes cibernéticos. Segundo ele, o Brasil foi apontado como uma liderança na América Latina e, por isso, deveria aderir à Convenção de Budapeste, tratado internacional assinado em 2001 que prevê a cooperação entre países para combater crimes praticados através da internet.
– O Brasil não subscreveu a convenção de Budapeste ainda. Estamos conversando com as pessoas aqui em Davos sem um marco normativo internacional para que a gente possa cooperar. Mas a ideia é juntar iniciativa pública e privada nesse objetivo comum que é combater a cibercriminalidade – afirmou Janot, acrescentando:
– Isso prejudica, com certeza. Esperamos que o Brasil subscreva o mais rápido possível. O Brasil é visto como uma liderança na América Latina, portanto, o que eles querem é que o Brasil entre na linha de frente dessa discussão.
O procurador-geral explicou que os Ministérios Públicos da América Latina já criaram uma rede regional de cooperação que atua principalmente para combater o tráfico de pessoas e a pedofilia:
– A ideia é que essas redes regionais se unam a outras redes regionais e nacionais. Esse trabalho tem que ser expandido.
(foto: Rodrigo Jabot/Agência O Globo)
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